ESPMEXENGBRAIND
9 abr 2025
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A UFPR (Universidade Federal do Paraná) criou um sistema baseado em metodologias sustentáveis para controlar parasitas, como o carrapato, na população bovina.

A UFPR (Universidade Federal do Paraná) criou um sistema baseado em metodologias sustentáveis para controlar parasitas, como o carrapato, na população bovina. De acordo com o médico veterinário Marcelo Beltrão Molento, criador do programa, as ferramentas podem ser adaptadas de acordo com as necessidades. A técnica visa a diminuição do uso de produtos químicos no controle dos carrapatos. O SICOPA (Sistema Integrado de Controle Parasitário) tem, ao todo, 22 ferramentas desenvolvidas com base em uma série de metodologias diferentes e sustentáveis.

A população bovina no Brasil tem mais de 210 milhões de cabeças de gado. Apenas no Paraná são aproximadamente 10 milhões de bovinos. Os animais sofrem com a incidência do carrapato durante o ano todo. O professor da UFPR Marcelo Molento aponta que o carrapato ‘Rhipicephalus microplus’ é um dos principais parasitos de bovinos no Brasil.

O prejuízo estimada é de R$ 10 bilhões por ano. As perdas começam com o sofrimento dos animais e envolve todos os outros elos dessa atividade produtiva. Associado a isso, o custo com o tratamento de doenças transmitidas pelo carrapato (Babesiose e Anaplasmose) pode chegar a outros R$ 20 bilhões ao ano.

O clima propício e a falta de conhecimento epidemiológico fazem com que o controle da parasita seja realizado de forma excessiva e sem muitos critérios técnicos. A nova proposta é que o produtor não utilize tantos produtos químicos, cuidando da saúde dos animais e também para que a carne, leite e outros produtos derivados sejam menos contaminados. O uso excessivo de produtos químicos pode afetar diretamente organismos vivos no ambiente, uma vez que são eliminados pela urina, fezes e até mesmo no leite – podendo parar na cadeia alimentar.

Programa Sustentável SICOPA

Uma novidade do SICOPA é o lançamento do Programa de Controle Seletivo do Carrapato Bovino. Usando a metodologia do tratamento seletivo, o foco torna-se o grupo de animais mais contaminados, e não no rebanho todo, como rotineiramente é feito o tratamento nas fazendas. Molento explica que foram aprofundadas técnicas de controle seletivo especificamente para o carrapato dos bovinos, uma vez que há conhecimento suficiente para apoiar os técnicos e beneficiar os animais.

“Nosso maior impacto será na conscientização de técnicos e agentes de campo, com o uso de estratégias inovadoras, buscando um mundo mais crítico, complexo e sustentável. A visão integrada da pesquisa, extensão e ensino, é a base para estes desafios”, explicou o professor membro do departamento de Medicina Veterinária da UFPR.

O método é mais trabalhoso do que o convencional e exige um acompanhamento mais cuidado para identificar os animais suscetíveis a servir de hospedeiro para os carrapatos. Isso porque é preciso fazer a contagem dos parasitas em todos os animais. Segundo Molento, algo em torno de 60% a 70% dos animais não excedem a contagem mínima de carrapatos e, por isso, não precisam de tratamento químico ou de intervenção.

UFPR defende que o sistema oferece várias vantagens, entre elas benefícios econômicos. Além disso, também há menor degradação ambiental e estresse animal. Outra vantagem é que evita-se a manipulação desnecessária de animais saudáveis.

 

Aprendendo sobre bois e carrapatos

Para ampliar o conhecimento e utilização do programa SICOPA, a Universidade Federal do Paraná oferece cursos de capacitação para técnicos e produtores. São dois dias de aulas – ministradas na UFPR e em instituições parceiras – que abordam a biologia do carrapato e o relacionamento entre parasita e hospedeiro. Também há aulas práticas de avaliação seletiva no rebanho bovino.

“Acredito que temos uma função importante e é possível, através de ferramentas incluídas no SICOPA, buscar soluções muito mais sustentáveis”, conclui o professor Marcelo Beltrão Molento.

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