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27 out 2025
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Estudo revela que o vírus H5N1 pode permanecer ativo por até quatro meses em queijos feitos com leite não pasteurizado, levantando preocupações sobre a segurança alimentar.
Estudo revela que o vírus H5N1 pode permanecer ativo por meses em queijos de leite cru.
Estudo revela que o vírus H5N1 pode permanecer ativo por meses em queijos de leite cru.

Um alerta importante para o setor lácteo: pesquisadores da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, descobriram que o vírus altamente patogênico H5N1, responsável por surtos de gripe aviária, pode sobreviver por até 120 dias em queijos produzidos com leite cru. O estudo, publicado na revista científica Nature Medicine e citado por O Globo, aponta que o processo tradicional de maturação não é suficiente para eliminar o patógeno em certos tipos de queijo.

Como o estudo foi realizado

Os cientistas inocularam amostras de leite cru com o vírus H5N1 e fabricaram mini-queijos com diferentes níveis de acidez (pH 6,6; 5,8 e 5,0). Esses queijos foram envelhecidos em condições controladas e analisados ao longo de 120 dias. O resultado: nos queijos com pH entre 6,6 e 5,8, o vírus permaneceu viável durante todo o período. Já nas amostras com pH igual ou inferior a 5, nenhuma partícula viral foi detectada.

Além disso, foram testados queijos comerciais feitos com leite potencialmente contaminado, e o vírus foi encontrado em diversas amostras. Essa constatação reforça a necessidade de revisar os padrões sanitários vigentes.

Risco à saúde pública

Até o momento, acreditava-se que a maturação de queijos de leite cru por 60 dias era suficiente para eliminar micro-organismos perigosos. O novo estudo mostra que o H5N1 pode resistir ao dobro desse tempo, especialmente quando o queijo tem menor acidez. Essa descoberta levanta dúvidas sobre a segurança de produtos artesanais e a eficácia das normas que regulam sua produção.

Os especialistas alertam que o vírus pode se manter protegido na matriz gordurosa e proteica do queijo, o que retarda sua degradação. Além disso, o nível de acidez e as condições de armazenamento influenciam diretamente a persistência viral.

Fatores que explicam a resistência do vírus

Entre as razões para essa surpreendente resistência estão:

  • A gordura e as proteínas do queijo criam um ambiente protetor para o vírus.

  • O pH mais alto dificulta a inativação do H5N1.

  • A maturação em condições ambientais moderadas favorece a sobrevivência viral.

Esses fatores combinados tornam os queijos de leite cru um potencial veículo de contaminação caso a matéria-prima não seja devidamente testada.

Impactos na indústria láctea

Para os produtores artesanais, o estudo serve como um chamado à responsabilidade. As normas sanitárias atuais podem não garantir total segurança contra o vírus da gripe aviária. Entre as recomendações dos pesquisadores estão:

  • Testar o leite cru antes da produção;
  • Aplicar acidificação controlada, reduzindo o pH para níveis mais seguros;
  • Considerar tratamentos térmicos leves, sem comprometer o sabor e a textura tradicionais.

Essas medidas preventivas podem preservar a autenticidade do queijo artesanal, sem abrir mão da segurança alimentar.

E quanto aos consumidores?

Até agora, não há registros de infecção humana causados pelo consumo de queijo de leite cru contaminado com H5N1. No entanto, o risco teórico existe, especialmente para crianças, gestantes, idosos e pessoas imunodeprimidas. Os especialistas recomendam optar por queijos feitos com leite pasteurizado ou de origem rastreável.

Também é fundamental evitar produtos de procedência duvidosa ou sem controle sanitário, principalmente em regiões com surtos da doença.

Medidas sugeridas pelos cientistas

  • Reforçar o monitoramento do H5N1 na cadeia de produção leiteira.

  • Promover campanhas educativas sobre o consumo de leite cru e seus derivados.

  • Investir em tecnologias que garantam a segurança sem comprometer o valor artesanal do queijo.

  • Ampliar a pesquisa sobre outros vírus zoonóticos que possam resistir em produtos lácteos.

Conclusão

O estudo de Cornell lança luz sobre uma questão que combina ciência, tradição e segurança alimentar. O queijo de leite cru é um símbolo cultural em muitas regiões, mas a preservação dessa herança exige inovação e vigilância.
Proteger a saúde pública não significa abandonar o sabor da tradição, e sim encontrar formas mais seguras de mantê-la viva.

Adaptado para eDairyNews, com informações de O Globo

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