A produção de leite nos Estados Unidos atingiu em agosto 8,6 bilhões de litros, um avanço de 3,2% em relação ao mesmo mês de 2024, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). O aumento reflete não apenas o crescimento do número de vacas leiteiras, mas também a melhoria nos níveis de gordura e proteína, fatores determinantes para a rentabilidade industrial.
🐮 Maior rebanho leiteiro desde 1993
O USDA revisou para cima as estimativas de julho e agosto, apontando a entrada de 35 mil vacas em julho e mais 10 mil em agosto. Assim, o rebanho leiteiro nacional chegou a 9,52 milhões de cabeças, o maior volume desde 1993. São 176 mil vacas a mais do que há um ano — um avanço expressivo que consolida os EUA como um dos principais atores no mercado global de lácteos.
Esse aumento na oferta interna tende a impactar diretamente os preços internacionais, especialmente em um cenário em que outros grandes produtores, como Europa e Nova Zelândia, também elevam seus volumes exportáveis.
🧈 Mais gordura, mais proteína, mais valor
Além da quantidade, a qualidade do leite produzido também melhorou. O USDA registrou em agosto alta de 5% na gordura butírica, 4,2% na proteína e 3,6% nos sólidos não gordurosos.
Esses indicadores são decisivos para segmentos industriais como queijarias e fábricas de manteiga, que dependem de matéria-prima mais concentrada para maximizar seus rendimentos.
Segundo o relatório, as manteigueiras operam com estoques amplos, enquanto as plantas de queijo estão em plena capacidade. Caso a tendência continue, parte do excedente deve ser redirecionada à produção de leite em pó, setor que recentemente enfrentou falta de produto, mas agora pode voltar a acumular estoques.
🏭 Capacidade industrial no limite
Com fábricas operando no limite, cresce o alerta para um possível excesso de oferta, sobretudo se as exportações desacelerarem. O relatório do USDA aponta que, embora as existências ainda não representem um problema estrutural, um enfraquecimento da demanda internacional poderia pressionar os preços domésticos e gerar impacto sobre a rentabilidade dos produtores.
🌍 Competição acirrada com Europa e Nova Zelândia
A competitividade global é outro desafio. Europa e Nova Zelândia vêm aumentando seus volumes de exportação, o que acirra a disputa nos principais destinos importadores.
Para manter espaço, os lácteos norte-americanos precisarão ajustar preços e oferecer vantagens logísticas e de qualidade em um cenário de “guerra de preços” cada vez mais evidente.
🇨🇳 China: produção menor, consumo fraco
A China, maior importador mundial de lácteos, vive um momento ambíguo. Apesar da queda na produção interna, o consumo não se recupera com a mesma velocidade, mantendo as importações em patamares baixos.
Nos primeiros oito meses de 2025, a compra de leite em pó cresceu apenas 1,4%, partindo de uma base historicamente reduzida.
Outros produtos registraram fortes quedas:
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-32% em concentrados de soro de leite com alto teor proteico
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-37% em manteiga
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-12% em queijo
Esses números evidenciam a fragilidade do consumo final de itens como queijo e manteiga. O único destaque positivo foi o soro de leite em pó, que alcançou seu maior nível em 30 meses.
🤝 Trégua comercial favorece exportações dos EUA
Um ponto de alívio para os exportadores norte-americanos é a suspensão temporária das tarifas de retaliação entre Estados Unidos e China. Graças a essa medida, mais da metade do soro de leite seco importado pela China em agosto teve origem nos EUA, consolidando a liderança do país nesse segmento.
Contudo, especialistas alertam que essa vantagem pode ser temporária. Se o consumo chinês não reagir nos próximos meses, o excesso de oferta americana poderá se transformar em um problema logístico e comercial.
📊 Principais indicadores – agosto 2025 vs. 2024
Indicador | Agosto 2024 | Agosto 2025 | Variação % |
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Produção de leite (milhões de libras) | 18.920 | 19.520 | +3,2% |
Vacas leiteiras (milhões) | 9,34 | 9,52 | +1,9% |
Gordura butírica | 100 | 105 | +5% |
Proteína | 100 | 104,2 | +4,2% |
Sólidos não gordurosos | 100 | 103,6 | +3,6% |
💡 Em resumo:
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Produção recorde: +3,2% em um ano
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Rebanho recorde: 9,52 milhões de vacas
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Mais sólidos: +5% de gordura e +4,2% de proteína
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Indústria saturada: risco de sobreoferta
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Alívio temporário: fim dos aranceles com a China
*Escrito para o eDairyNews, com informações de Agronews