ESPMEXENGBRAIND
7 out 2025
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A pesquisa Ipsos mostra que 75% dos brasileiros acreditam que empresas devem arcar com os custos da sustentabilidade, sem repassar ao consumidor.
♻️ O paradoxo verde: brasileiros querem sustentabilidade, mas sem pagar mais
♻️ O paradoxo verde: brasileiros querem sustentabilidade, mas sem pagar mais.

A sustentabilidade segue como tema central nas discussões corporativas no Brasil, mas a percepção do público revela um cenário de desconfiança.

De acordo com a pesquisa Reputação 360º, realizada pela Ipsos entre julho e setembro de 2025, 75% dos brasileiros acreditam que as empresas devem arcar sozinhas com os custos de suas ações sustentáveis, sem repassar os valores ao consumidor.

O estudo, divulgado no início de outubro, entrevistou 6 mil pessoas online e avaliou 130 empresas de 23 setores, oferecendo um panorama detalhado sobre a reputação corporativa e a credibilidade das práticas ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança).

Apesar de 97% dos entrevistados reconhecerem a importância do desenvolvimento sustentável para o país, apenas 16% afirmaram estar dispostos a pagar mais por produtos considerados ambientalmente responsáveis.

Preço e desconfiança: os principais entraves

A questão econômica aparece como o maior obstáculo à adesão de práticas verdes. Dois em cada três brasileiros afirmaram que o preço é determinante na escolha por produtos sustentáveis, enquanto 54% citaram o valor elevado como o principal impedimento. Outros fatores relevantes são a falta de educação ambiental desde a infância (48%) e a escassez de informações claras sobre os produtos (44%).

Esses números indicam que, embora o discurso ecológico tenha avançado, ainda há uma distância entre a consciência ambiental e o comportamento de consumo. “O brasileiro quer ver as empresas atuando com responsabilidade, mas espera que elas assumam o compromisso de forma genuína e sem transferir custos”, destacou o levantamento da Ipsos.

Empresas sob observação: ESG ou marketing verde?

Outro ponto que chama atenção é a descrença nas motivações corporativas. Para 62% dos entrevistados, muitas companhias utilizam a pauta ESG apenas para melhorar sua imagem ou gerar lucro, sem promover mudanças estruturais reais.

O ceticismo é mais acentuado entre jovens e consumidores das classes sociais mais baixas, públicos que enfrentam maiores limitações financeiras e são mais sensíveis à percepção de incoerência nas ações empresariais.

Mesmo assim, as marcas que mantêm histórico sólido de compromisso socioambiental continuam a se destacar. O ranking da Ipsos coloca Natura, O Boticário e Google entre as empresas mais bem avaliadas em reputação ESG. Em seguida, aparecem Nestlé, Avon, Ypê e Faber-Castell, companhias que vêm investindo em projetos de redução de impacto ambiental e iniciativas sociais.

Desafio para o futuro corporativo

O estudo da Ipsos reforça que, no Brasil, a credibilidade da sustentabilidade empresarial depende de coerência entre discurso e prática. A demanda por transparência cresce em ritmo acelerado, e os consumidores estão cada vez mais atentos ao que há por trás das campanhas publicitárias e certificações ambientais.

Para o setor produtivo — especialmente para as indústrias alimentícias, cosméticas e de bens de consumo —, o desafio será equilibrar propósito e competitividade, garantindo que as políticas sustentáveis não se tornem apenas ferramentas de marketing, mas parte integrante da estratégia de negócios.

A tendência é que as empresas com ações concretas, mensuráveis e comunicadas de forma transparente ganhem vantagem competitiva, enquanto o “greenwashing” — prática de mascarar impactos ambientais — tende a ser rejeitado com mais força.

Brasil: entre o ideal e o pragmatismo

O resultado da pesquisa reflete um comportamento típico do consumidor brasileiro: um idealismo ambiental aliado ao pragmatismo econômico. O desejo por um futuro sustentável é quase unânime, mas a prioridade ainda recai sobre o bolso e o poder de compra.

Nesse contexto, especialistas apontam que a sustentabilidade deve ser percebida não como custo, mas como valor compartilhado, capaz de gerar benefícios coletivos, fortalecer reputações e impulsionar a inovação.

A Ipsos, referência global em pesquisa de opinião, destaca que o Brasil segue avançando na maturidade do debate ESG, mas ainda enfrenta barreiras estruturais — desde a educação ambiental até o acesso a produtos sustentáveis com preços competitivos.

Com o consumidor cada vez mais informado e exigente, o recado é claro: ser sustentável é essencial, mas é preciso provar isso na prática.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de ISTOÉ DINHEIRO

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