ESPMEXENGBRAIND
10 set 2025
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Em agosto, preço do leite em Minas recuou 0,58% e ficou em R$ 2,70/litro; demanda enfraquecida e produção em alta pressionam o mercado.
Oferta maior e consumo fraco derrubam preço do leite em MG
Oferta maior e consumo fraco derrubam preço do leite em MG

O preço do leite em Minas Gerais registrou em agosto a quarta queda mensal consecutiva, reflexo direto do aumento da produção no campo e da dificuldade da demanda em absorver a oferta.

Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), o valor médio pago ao pecuarista mineiro foi de R$ 2,70 por litro, referente ao leite entregue em julho, queda de 0,58% em relação ao mês anterior. Na comparação com agosto de 2024, a retração chega a 5,92% em termos reais.

No cenário nacional, o movimento também foi de queda. Conforme o Cepea, o preço médio do leite pago aos produtores brasileiros recuou 0,90% em agosto, com o litro negociado a R$ 2,62. Frente ao mesmo pagamento do ano anterior, a desvalorização acumulada é de 8,42%, já descontada a inflação medida pelo IPCA de julho.

Oferta em crescimento pressiona o campo

De acordo com o Cepea, o aumento da oferta de leite vem sendo determinante na trajetória de queda dos preços. Em julho, a produção nacional apresentou incremento de 1% em relação ao mês anterior, reforçando a pressão sobre os valores pagos ao produtor.

Dados preliminares da Pesquisa Trimestral do Leite do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também apontam para crescimento consistente.

No primeiro semestre de 2025, a captação formal de leite no Brasil alcançou 12,98 bilhões de litros, volume 6,2% superior ao registrado no mesmo período de 2024. Esse avanço vem sendo impulsionado por maiores investimentos na atividade, favorecidos por margens mais positivas desde o segundo semestre do ano passado.

Segundo a pesquisadora do Cepea, Natália Grigol, além da oferta em alta, o custo de produção segue relativamente controlado, com a relação de troca entre leite e milho ainda favorável ao pecuarista.

Exportações em queda e consumo enfraquecido

Apesar da produção aquecida, as exportações de lácteos recuaram. Entre janeiro e julho de 2025, os embarques somaram volume equivalente a 1,3 bilhão de litros de leite, queda de 5% em comparação com igual período de 2024. Esse cenário manteve ainda mais produto no mercado interno, ampliando a pressão sobre os preços.

“Enquanto a disponibilidade (produção e importação) avança de forma consistente, o consumo não cresce na mesma intensidade e não consegue absorver a oferta, intensificando as quedas de preços ao longo da cadeia. As indústrias continuam enfrentando pressão dos canais de distribuição quanto aos valores dos lácteos negociados”, explicou Grigol.

Mercado de derivados segue instável

Os resultados também variaram conforme o produto. O leite UHT permaneceu estável, o leite em pó registrou desvalorização e a muçarela apresentou alta, evidenciando um mercado segmentado e de difícil previsibilidade para a indústria.

De acordo com o Centro de Inteligência do Leite da Embrapa Gado de Leite, as negociações no mercado spot — que envolvem transações entre laticínios — também perderam fôlego nas últimas semanas.

Com maior volume ofertado e menor interesse dos compradores, os preços recuaram, enquanto estoques cresceram levemente. A competição entre indústrias se intensificou, e os varejistas buscam recuperar margens, contribuindo para um ambiente mais baixista.

Em Minas Gerais, o preço médio do leite spot em agosto ficou 11,8% abaixo do registrado em igual mês de 2024 e 6,2% inferior ao de julho deste ano.

Tendência para setembro: nova queda

As projeções para o pagamento de setembro, referente à produção entregue em agosto, apontam para mais uma retração. O Conseleite Minas Gerais estima redução média de 1,6% no valor do litro, que deve ser negociado em torno de R$ 2,65.

O quadro confirma a dificuldade da cadeia láctea em equilibrar custos, margens e consumo em meio ao avanço da produção. Para os pecuaristas, a queda consecutiva nos preços acende o alerta quanto à rentabilidade da atividade no segundo semestre.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Diário do Comércio

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