Indústria de alimentos no Brasil: cinco caminhos para empreender com sucesso
Por Samuel Almeida, sócio-proprietário da Fornalha Mineira
A indústria de alimentos é um dos pilares mais tradicionais e, ao mesmo tempo, inovadores da economia brasileira.
Representando parte significativa do PIB e milhões de empregos formais, o setor vive um momento de transformação impulsionado pela digitalização, pela ascensão do consumo consciente e pelas novas exigências dos consumidores.
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a indústria em geral responde por 24,7% do PIB nacional e emprega 11,5 milhões de trabalhadores formais.
A Pesquisa Industrial Mensal do IBGE mostrou que, de março para abril de 2025, a produção industrial variou 0,1%, registrando quatro meses seguidos de resultados positivos. No acumulado do primeiro quadrimestre de 2025, o avanço foi de 1,4%.
No recorte do setor de alimentos, os números impressionam. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), a indústria de alimentos e bebidas faturou R$ 1,277 trilhão em 2024.
Dentro desse montante, a panificação e confeitaria tiveram destaque: mais de R$ 153,3 bilhões, com crescimento de 10,9% — o melhor resultado da década, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (ABIP).
Esse desempenho não é casual. Como lembra Samuel Almeida, sócio-proprietário da Fornalha Mineira, empresa familiar especializada em pão de queijo fundada em 2014, a panificação é um setor resiliente, essencial e altamente adaptável.
Começamos pequenos, com poucos colaboradores e um sonho grande. Hoje, além da expansão da capacidade produtiva, nos deparamos diariamente com o desafio – e a oportunidade – de repensar processos, produtos e relações com base nas novas exigências do consumidor e do planeta”, afirma o empresário.
Diante desse cenário, Almeida destaca cinco frentes estratégicas para empreender no setor industrial alimentício:
1. Inovação tecnológica e automação
Segundo Almeida, muitas empresas travam diante da palavra automação, mas inovação não precisa ser sinônimo de complexidade. “Às vezes, uma pequena automação em uma etapa crítica já melhora muito a produtividade”, explica. O segredo é avaliar quais processos realmente ganham eficiência com tecnologia, sem perder a essência artesanal do produto.
2. Sustentabilidade e economia circular
O tema da sustentabilidade está em alta, mas o desafio real é incorporar práticas viáveis ao dia a dia da fábrica. Para Almeida, a estratégia é começar com metas realistas: reduzir desperdício, adotar embalagens mais conscientes e medir o impacto ambiental e financeiro das ações.
3. Personalização e customização de produtos
Com consumidores cada vez mais exigentes, a personalização deixou de ser diferencial para se tornar necessidade. Isso significa adaptar sabores, formatos, ingredientes e até embalagens conforme as preferências do público. “É preciso acompanhar de perto o comportamento do consumidor e responder com agilidade”, observa o empresário.
4. Digitalização e comércio eletrônico
A vitrine física já não é suficiente para sustentar os negócios. Mas, segundo Almeida, vender online vai muito além de colocar produtos em um site. É preciso uma operação digital eficiente, que inclua plataforma robusta, logística organizada e estratégias de marketing digital para atrair e reter clientes.
5. Parcerias e colaborações estratégicas
“Fazer parcerias estratégicas é uma das formas mais inteligentes de acelerar resultados”, afirma Almeida. Isso pode significar trabalhar com fornecedores inovadores, distribuidores que ampliem alcance, startups com soluções tecnológicas ou instituições de pesquisa. Para que funcione, é fundamental transparência, alinhamento de valores e acordos claros desde o início.
Esses pilares mostram que empreender na indústria de alimentos exige visão de futuro, capacidade de inovação e compromisso com práticas responsáveis. O crescimento do setor de panificação, aliado às novas demandas do consumidor, evidencia que tradição e modernidade podem caminhar juntas.
Para Almeida, a mensagem central é que os desafios atuais representam oportunidades de transformação. “Com planejamento e foco em inovação, é possível construir negócios sólidos, escaláveis e alinhados com os novos tempos, como tem sido o nosso caminho na Fornalha Mineira”, conclui.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Giro News