O preço do leite ao produtor voltou a recuar em Minas Gerais, refletindo uma tendência nacional de queda nos valores pagos pela matéria-prima láctea.
Conforme dados do Conseleite Minas Gerais, em julho — referente ao leite captado em junho — o valor médio recebido pelo produtor foi de R$ 2,71 por litro, 0,73% menor que o praticado no pagamento de junho.
Na comparação anual, o preço apresenta retração de 2,86% frente a julho de 2024.
A projeção para agosto também indica nova queda, com o leite entregue em julho e pago em agosto tendo um valor médio de referência de R$ 2,69 por litro, redução de 0,6%, conforme o Conseleite Minas Gerais.
A situação em Minas Gerais acompanha o cenário nacional, evidenciado pelo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
O instituto apontou que o preço do leite captado em junho no Brasil fechou em R$ 2,64 por litro, mantendo estabilidade frente a junho, mas com queda de 4% em relação ao mesmo período do ano anterior, quando era negociado a R$ 2,75.
Segundo o relatório do Cepea, a principal causa da pressão para baixo nos preços está no aumento da oferta de leite, que supera a demanda atual.
Em junho, o Índice de Captação do Leite (Icap-L) subiu 3,31% na comparação com maio, mesmo durante o período de entressafra.
Esse crescimento se deve aos maiores investimentos dos produtores na atividade leiteira, conforme explicado pela pesquisadora do Cepea, Natália Grigol.
No entanto, o consumo de derivados lácteos não acompanha o ritmo do aumento da produção.
De acordo com o Cepea, o mercado apresentou comportamentos distintos em junho para diferentes produtos: houve queda para o leite em pó, alta para a muçarela e estabilidade para o leite UHT.
Esse cenário evidencia a dificuldade do setor em equilibrar oferta e demanda.
Os dados do CILEite, da Embrapa Gado de Leite, reforçam essa análise ao apontar baixa nos preços dos derivados lácteos em julho, mesmo com volume relativamente alto de oferta, apesar do período de entressafra.
Um dos fatores que impulsiona essa oferta maior é a queda nos custos da nutrição do rebanho, que incentiva a produtividade dos animais.
Ainda que o custo de produção do leite, medido pelo Índice de Custo de Produção do Leite (ICPLeite/Embrapa), tenha apresentado leve alta de 0,2%, os custos com concentrados caíram 2,8%.
Essa queda resulta da redução nos preços de rações e farelos de soja, algodão, trigo e fubá. Segundo os pesquisadores da Embrapa Gado de Leite, essa foi a terceira queda consecutiva nos preços dos concentrados, acumulando uma deflação de 6,3% nos últimos três meses.
Este conjunto de fatores revela o momento delicado que atravessa o setor lácteo brasileiro, especialmente em Minas Gerais, maior produtor nacional.
A produção mais intensa não encontra contrapeso no consumo interno, pressionando os preços para baixo e gerando desafios para a rentabilidade dos produtores.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Diário do Comércio, Conseleite Minas Gerais, Cepea e Embrapa Gado de Leite