O World Cheese Awards confirmou o que muitos especialistas já percebiam: o avanço técnico dos queijos brasileiros está ganhando tração global.
A edição 2025 do concurso, realizada em Berna, na Suíça, avaliou 5.244 amostras de 46 países e premiou 50 criações nacionais, destacando desde produtos industriais consolidados até novidades artesanais em plena expansão.
De acordo com a organização do evento, esta foi a maior edição da história, com 265 jurados avaliando os queijos de forma totalmente às cegas.
A comissão internacional observou aparência, aroma, corpo, textura e sabor — critérios que, combinados, revelam maturidade tecnológica e consistência sensorial. E foi justamente aí que o Brasil se destacou: pela diversidade de estilos e pela capacidade de dialogar com tendências valorizadas no mercado global.
🔍 Um retrato estratégico da produção brasileira
A delegação brasileira saiu da Suíça com 5 medalhas de Ouro, 19 de Prata e 26 de Bronze, representando sete estados: São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. É um mapa de competitividade que mostra como o país está diversificando origens, técnicas e perfis produtivos.
Entre os ouros, o júri reconheceu um parmesão de 12 meses, um queijo azul industrial, um reblochon brasileiro e dois queijos autorais de pequenas queijarias. Segundo o relato dos avaliadores, esses produtos se destacaram por “equilíbrio”, “profundidade aromática” e “consistência de maturação”.
Os resultados sugerem que o país está se consolidando em três eixos estratégicos:
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Queijos de longa maturação, que reforçam potencial exportador;
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Queijos azuis e especiais, cada vez mais aceitos e competitivos;
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Estilos europeus reinterpretados, que conferem identidade própria ao produto nacional.
🧭 O que o Brasil fez bem aos olhos do júri
Conversas de bastidores relatadas pela organização indicam que a mesa internacional valorizou:
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a precisão dos queijos duros e semiduros;
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a evolução dos azuis nacionais;
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a capacidade de pequenas queijarias entregarem produtos com assinatura sensorial;
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o avanço de indústrias tradicionais, que seguem investindo em padronização e maturação.
Essa combinação entre tradição industrial e ousadia artesanal chamou atenção de avaliadores que acompanham a evolução do concurso há décadas.
🌎 Brasil frente ao panorama mundial
Enquanto o Brasil colecionava 50 medalhas, o título de Campeão Mundial ficou mais uma vez com a Suíça. Em 2025, o vencedor foi o Gruyère AOP Vorderfultigen Spezial, maturado por 18 meses pela Bergkäserei Vorderfultigen.
O painel final, composto por 14 especialistas, destacou sua textura cristalina e um perfil “umami encorpado”, atributos que tradicionalmente colocam o Gruyère entre os favoritos do concurso.
A predominância europeia no ranking dos 14 melhores — com presença de França, Reino Unido, Espanha e Holanda — reforça o desafio ainda existente para países emergentes: conquistar o topo requer não apenas excelência técnica, mas consistência histórica em maturações longas e tradições centenárias.
Mesmo assim, a delegação brasileira volta para casa com capital simbólico importante. Como relata a organização, a amplitude de estilos apresentados pelo país é um diferencial competitivo crescente.
📈 O que os resultados sinalizam para o setor brasileiro
As 50 medalhas funcionam como um termômetro estratégico para empresas que buscam melhorar posicionamento e inovação. Três tendências se destacam:
1. A maturação está virando um ativo de mercado.
Parmesões de 12 meses, queijos de 6 e 12 meses de Pomerode e tipos pecorinos maturados aparecem com força. A indústria que apostar em câmaras de longo prazo tende a capturar maior valor.
2. Queijos autorais ganharam mais espaço.
Produtos como Queijo da Nona, Queijo do Bispo e Garoa Tropical mostram que a assinatura sensorial é cada vez mais reconhecida internacionalmente.
3. O Brasil está entrando de vez no mapa dos azuis.
Com medalhas para Serra das Antas, Vigor e produtores artesanais, essa categoria pode se tornar uma avenida estratégica para premiumização.
🎯 Uma oportunidade para reposicionamento
Para os tomadores de decisão, o recado do World Cheese Awards é claro: há espaço para o Brasil competir em complexidade, maturação e diversidade. Cada medalha funciona como validação internacional para quem busca acessar nichos premium, exportação ou diferenciação no mercado interno.
A próxima etapa, segundo analistas que acompanharam o evento, é transformar reconhecimento em estratégia comercial — com foco em identidade, qualidade percebida e consistência sensorial.
*Escrito para o eDairyNews, com informações de CNN Brasil V&G






