A empresa Betterland Milk, em parceria com a startup Perfect Day, ambas nos EUA, desenvolveram um produto que parece leite, tem gosto de leite, mas não é retirado da vaca. A bebida livre de produtos de origem animal é produzida usando fermentação de precisão, criando uma espécie de proteína de soro de leite idêntica à original.
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O método é semelhante ao usado na fermentação para produzir álcool, mas com as proteínas lácteas sendo o subproduto desse processo, que utiliza uma microflora geneticamente modificada à base de plantas para a fabricação do leite, com um impacto ambiental muito menor.
“Nosso leite é cremoso e tem um desempenho melhor do que outros leites à base de plantas, ao mesmo tempo em que oferece a mesma textura para cozinhar, bater ou assar. Além disso, o produto contém menos açúcar que o leite de vaca tradicional, não tem lactose, colesterol ou hormônios, e também é feito sem uso de antibióticos”, diz a CEO da Betterland Lizanne Falsetto.
Quase igual
Um copo do leite “sem vacas” possui aproximadamente 8 gramas de proteína, a mesma quantidade encontrada no leite de verdade. Quanto ao sabor, o produto puro tem um gosto um pouco diferente da bebida original, mas ao ser misturado, essa diferença se torna praticamente imperceptível.
Segundo a empresa Perfect Day, essa proteína de soro de leite reduz o consumo de água em 99%, as emissões de gases de efeito estufa em até 97% e o uso de energia não renovável em cerca de 60% na comparação com o processo tradicional para obtenção do leite proveniente de animais.
“Nossa meta para um bom desempenho do nosso produto é ser praticamente indistinguível do leite de vaca em termos de formação de espuma, no preparo de alimentos, sorvetes ou qualquer outro subproduto que leve leite na receita. A diferença é que não envolvemos animais nesse processo”, acrescenta Falsetto.
Disponibilidade e preço
O leite sem vaca deve chegar ao mercado durante o verão norte-americano, ou seja, a partir do mês de junho. Inicialmente, o produto terá duas versões: uma integral e outra chamada “extracremosa” — projetada para ser usada pela indústria alimentícia, principalmente em fábricas de panificação.
Segundo seus idealizadores, os produtos devem ser mais caros do que o leite tradicional nos primeiros meses de comercialização, mas a tendência é que o preço se torne mais competitivo ao longo do tempo com o aumento da demanda e da simplificação do processo de produção em escala industrial.
“Você até pode usar os leites de aveia, de soja ou amêndoa no seu cereal, mas ao colocá-los no café, o sabor é completamente diferente. Com nosso produto, esse problema será coisa do passado, pois, além de não envolver animais em sua produção, você poderá ter espuma e cremosidade como se estivesse bebendo leite de vaca”, encerra o cofundador da Perfect Day Perumal Gandhi.