Entre 2019 e 2022, o valor disponibilizado para essas companhias foi 15% maior na comparação com 2015 a 2018. “O crédito foi concebido para ajudar as empresas a expandirem – e ajudou a impulsionar um aumento enorme e insustentável na produção global de carne e lacticínios”, diz o levantamento.
O resultado disso foi que a produção global de carne aumentou 9% entre 2015 e 2021 (passou de 325,31 para 354,82 milhões de toneladas) e, a de laticínios, 13% (de 814,51 milhões de toneladas para 918,16 milhões de toneladas).
As 55 empresas apontadas representam aproximadamente um quinto do abate global de gado e, conforme destaca a Feedback, são algumas das maiores impulsionadoras das mudanças climáticas, da desmatamento, da extinção em massa de espécies, da violação dos direitos dos Povos Indígenas e das violações laborais, dos riscos de pandemia e dos abusos do bem-estar animal no sistema alimentar, além de ameaçarem a saúde humana.
“A expansão da produção de carne e laticínios está completamente em contradição com o imperativo de restringir o aumento da temperatura global, a fim de evitar mudanças climáticas catastróficas”, destaca o relatório. “A grande pecuária é tão prejudicial para o nosso planeta quanto a indústria dos combustíveis fósseis.”
Para se ter uma ideia do impacto das empresas citadas no levantamento no clima, apenas cinco delas juntas (BS, Marfrig, Cargill, Tyson Foods e Minerva) emitiram 595 milhões de toneladas de CO2 equivalente na atmosfera por ano, mais do que as emissões totais do Reino Unido e da Irlanda.
Credores e financiadores
Os maiores credores das companhias são Bank of America (US$ 28,8 bilhões ou R$ 145 bilhões), Barclays (28,2 bilhões ou R$ 142 bilhões) e JPMorgan Chase (US$ 26,7 bilhões ou R$ 134 bilhões). O Barclays é o maior credor global da JBS; o Morgan Stanley, o maior da Tyson Foods e, o BNP Paribas, o maior da Cargill.
Já os maiores investidores são BlackRock (US$ 37,8 bilhões ou R$ 190 bilhões), Vanguard (US$ 24,4 bilhões ou R$ 123 bilhões) e Capital Group (US$ 21,4 bilhões ou R$ 107 bilhões).
“Estamos apelando às instituições financeiras para que retirem o financiamento das empresas pecuárias industriais o mais rapidamente possível”, disse Martin Bowman, gestor de políticas e campanhas da Feedback, ao The Guardian.
A organização pede ainda que medidas urgentes sejam tomadas para alinhar o financiamento com o Acordo de Paris e a biodiversidade global e para diminuir o consumo de carne e laticínios. Também solicita uma regulamentação mais rigorosa do setor financeiro para impedi-lo de financiar empresas poluidoras e defende a tributação de grandes empresas pecuárias.