Por exemplo,”as tecnologias digitais e a inteligência artificial estão começando a ser implementadas nas fazendas para monitorar de perto os animais desde o nascimento, permitindo um gerenciamento eficiente de acordo com suas necessidades individuais”, explica ele.
Além disso, os sensores estão se difundindo para detectar e antecipar possíveis problemas ambientais, garantir o bem-estar animal e a saúde adequada do rebanho. Um exemplo desses sensores pode ser os “colares de atividade”, que alertam sobre qualquer anormalidade no comportamento alimentar dos animais e permitem um melhor controle de suas necessidades reprodutivas.
“Todas essas tecnologias têm um longo caminho a percorrer e estão começando a ser implementadas e generalizadas na pecuária leiteira. Esse é um caminho interessante para o empreendedorismo, embora deva ser sempre lembrado que, para que essas atividades sejam possíveis, o produtor profissional, que cobre as necessidades e despesas, deve ter a garantia de um preço justo pelo leite”, acrescenta.
De modo geral, Yáñez destaca o papel “muito importante” do setor de laticínios como impulsionador da economia, do emprego e do desenvolvimento rural. “Para abordar essa questão, temos que pensar em todos os elementos envolvidos no setor de laticínios, antes, durante e depois da produção de leite na própria fazenda. Por exemplo, empregos associados à geração e ao transporte de ração, cuidados com os animais, serviços veterinários, análise de amostras de leite, processamento em queijarias tradicionais, vendas em lojas especializadas ou restaurantes, e assim por diante”.
Nesse contexto,”a pecuária também é uma atividade essencial na luta contra o despovoamento em grandes partes da Europa que, sem a pecuária e o setor de laticínios associado, têm sérios problemas de êxodo de habitantes para as grandes cidades”.
Como exemplo, o setor de laticínios no Valle de los Pedroches (Córdoba) ajudou a criar atividade econômica, riqueza e desenvolvimento regional. Uma área que escapou do despovoamento e até mesmo viu a criação de centros de processamento de laticínios e de inovação e desenvolvimento que oferecem novas oportunidades profissionais para os jovens.
Por outro lado, o especialista do CSIC também pediu que os impactos ambientais da pecuária fossem contextual izados, pois não seria justo olhar apenas para os aspectos negativos, mas também levar em conta os benefícios que ela traz ao meio ambiente, à regeneração dos solos, à conservação das massas florestais e à manutenção de ecossistemas “vivos”.
“O pastoreio modela a paisagem e aumenta a capacidade de capturar carbono, além da contribuição nutricional dos excrementos de vacas, ovelhas ou cabras como fertilizante para o solo”, insiste. Yáñez acrescenta que o pastoreio permite que os animais se alimentem de material vegetal que não tem outros usos, reduzindo assim a biomassa em áreas com alto risco de incêndio: “A pecuária bem gerenciada é um dos melhores corta-fogos que existem, com base na prevenção, o que comprovou sua eficácia em grandes áreas da Europa”, diz ele.
Além disso, o gerenciamento de pastagens agora é mais eficiente graças à implementação de tecnologias digitais e de IA (GPS, drones, imagens de satélite) que possibilitam saber a localização em tempo real do gado nas montanhas, o estado da biomassa vegetal e, assim, atribuir a taxa de lotação mais adequada a qualquer momento.
