Com novo prédio e mais maquinário, agroindústria familiar Agroleite terá condições de aumentar a produção. Objetivo é que comercialização ultrapasse as fronteiras de Venâncio Aires.
Rodrigo Angnes com leite pasteurizado e o queijo mussarela feito pela agroindústria. Ao fundo, o novo prédio, com 250 metros quadrados (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Rodrigo Angnes com leite pasteurizado e o queijo mussarela feito pela agroindústria. Ao fundo, o novo prédio, com 250 metros quadrados (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

O custo de produção, as importações e quedas no preço pago ao produtor têm levado o setor leiteiro a momentos de dificuldade nos últimos anos.

Seja em Venâncio Aires, na região ou outros municípios brasileiros, fato é que aconteceram desistências de famílias que mantinham a atividade. Só na Capital do Chimarrão, eram 115 famílias produtoras em 2021 e o número caiu para 99 em 2024, conforme dados da Emater.

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Na contramão desse cenário de queda, a perspectiva de crescimento de uma agroindústria familiar do interior de Venâncio pode ajudar a remobilizar ou incentivar agricultores locais que trabalham com bovinocultura de leite.

Localizada em Linha 17 de Junho, a Agroleite, depois de 21 anos de funcionamento, construiu um prédio novo, maior e com mais maquinário. Consequentemente, terá condições de triplicar a produção de leite pasteurizado e queijo. A expectativa da família Angnes, responsável pela agroindústria, é ter tudo funcionando a partir de outubro.

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Nova queijeira que comporta 5 mil litros faz parte dos investimentos em maquinário (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Nova queijeira que comporta 5 mil litros faz parte dos investimentos em maquinário (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Projeção

Para o espaço de 250 metros quadrados, em fase final de construção, serão transferidas as atuais máquinas, como a queijeira que comporta 1,4 mil litros de leite e uma pasteurizadora que processa mil litros por hora.

A elas, se soma um maquinário maior: uma pasteurizadora de 5 mil litros por hora e uma queijeira que comporta 5 mil litros.

“A quantidade de queijo que hoje levamos três dias para fazer, com essa outra máquina vamos fazer numa manhã. Com cinco mil litros e com condições de fazer duas vezes ao dia, daria mil quilos de queijo por dia.

Na média, terá condições de triplicar a produção de leite e queijo”, explica Rodrigo Angnes, 31 anos. Ele é filho de Eligio, 58 anos, e Sirlene, 54, que começaram a agroindústria em 2003. O outro filho do casal, Alexandre, 25 anos, também trabalha no local.

Nova pasteurizadora pode processar 5 mil litros de leite por hora (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Nova pasteurizadora pode processar 5 mil litros de leite por hora (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

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“Alimento sempre terá lugar”, afirma um dos proprietários da Agroleite

Questionado sobre o porquê de investir quando o momento, de forma geral, parece negativo para a cadeia leiteira, Rodrigo Angnes entende que, como qualquer setor, há os dois lados. “Tem que pensar que tem venda e que consegue ajudar no valor para com o produtor também.

Porque leite é alimento e para o alimento sempre terá lugar. É uma atividade com altos e baixos, como qualquer outra, mas se o produto é bom e consegue uma margem de preço boa, sempre vai ter colocação.”

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Foto: Débora Kist/Folha do Mate
Foto: Débora Kist/Folha do Mate

Com a marca Agroleite, a agroindústria dos Angnes é um dos fornecedores de leite pasteurizado (fervido a 75 graus, processo que faz ‘segurar’ os nutrientes do alimento) para as escolas municipais de Venâncio Aires e também fornece para mercados, padarias, o Hospital São Sebastião Mártir e o Lar Novo Horizonte.

Atualmente, a agroindústria mantém um rebanho em lactação e compra diretamente de 14 famílias que têm os próprios plantéis.

Elas são de localidades como 17 de Junho, Santa Emília, 25 de Julho, Harmonia da Costa e Grão-Pará. “O principal ponto, com o aumento da nossa capacidade, é contar com mais fornecedores do interior, com um produto de qualidade.

Vai precisar de mais leite e o objetivo é manter a compra dentro de Venâncio”, destacou Rodrigo.

Fator positivo

Para o engenheiro agrícola da Emater de Venâncio, Diego Barden dos Santos, além da perspectiva de ampliação, beneficiando também produtores, outro fator positivo é o fato de compor uma cadeia curta. “Como agroindústria, pensando no mercado consumidor, é um leite que compõe uma cadeia curta, um leite de altíssima qualidade.

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É uma produção que vem do pequeno produtor, que eles coletam e logo fazem a entrega no mercado consumidor em Venâncio Aires. Os alimentos das cadeias curtas têm um benefício econômico, social, sanitário e alimentar.”

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Leite pasteurizado produzido em Linha 17 de Junho também é fornecido para as escolas municipais (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Leite pasteurizado produzido em Linha 17 de Junho também é fornecido para as escolas municipais (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

Agroleite almeja venda para outros municípios

  • Assim que a nova agroindústria estiver pronta, Rodrigo Angnes explica que darão entrada no Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar e de Pequeno Porte (Susaf). “Seria para a venda em todo estado e por isso já estamos fazendo as adequações junto ao Sim [Sistema de Inspeção Municipal].” Com a capacidade atual, eles têm a restrição de manter a comercialização apenas dentro dos limites municipais.
  • O novo prédio vai comportar laboratório para análise do leite que chega até a agroindústria, sala de envase, área de produção, recepção, dois banheiros, dois vestiários e mais a câmara fria, que fica anexa à agroindústria.

    Tiago Frey, também de Linha 17 de Junho, é um dos fornecedores de leite da agroindústria dos Angnes (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
    Tiago Frey, também de Linha 17 de Junho, é um dos fornecedores de leite da agroindústria dos Angnes (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
  • Para construir e comprar novas máquinas, os Angnes investiram cerca de R$ 1 milhão, sendo parte do valor financiado. A Prefeitura ajudou com serviços de terraplenagem e acesso dentro da propriedade.

Mais vacas, mais leitemini tiago frey

Produtores de leite há 10 anos em Linha 17 de Junho, Tiago Matias Frey, 37 anos, e a esposa, Janice Schweikart, 43, fornecem leite para a agroindústria da família Angnes desde 2014. Atualmente, o casal mantém 25 vacas (sendo 20 em lactação) e o objetivo é aumentar o plantel.

Frey afirma que deve comprar entre 8 e 10 vacas já nos próximos dias e que é consequência direta do aumento de produção da Agroleite. “Esse investimento deles é algo muito positivo e nós também vamos comprar mais matrizes para aumentar o fornecimento de leite. Acho bem possível que essa necessidade, com a nova agroindústria, também vai incentivar outros produtores de Venâncio.”

As vacas holandesas do produtor dão 550 litros de leite por dia, em média, e ficam no ‘free stall’, um sistema de semiconfinamento, alimentadas com silagem, ração e pastagem.

Tiago Frey explica que vem investindo em melhoramento genético na inseminação artificial e que os resultados evoluíram nos últimos anos. Em 2014, quando ele começou, cada vaca produzia média de 18 litros por dia. Hoje, já são 25 litros diários.

mini vacas holandesas
Ideia é aumentar o plantel de vacas holandesas para acompanhar a demanda (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)
Ideia é aumentar o plantel de vacas holandesas para acompanhar a demanda (Foto: Débora Kist/Folha do Mate)

 

 

R$ 15,3 milhões – foi a contribuição do leite dentro do Valor Bruto da Produção Agrícola (VBPA) em 2023. Em 2022 chegou a R$ 17 milhões e, em 2021, foi de R$ 14,5 milhões.

Atualmente, são 99 famílias produtoras em Venâncio (89 vendem para laticínios e 10 vendem direto a consumidores), com um plantel total de 1.310 vacas em lactação.

 

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