Deixando de vender exclusivamente leite de cabra e focando em produtos derivados, uma produtora de Quixadá viu seu faturamento crescer quase sete vezes.
Edneuly Lourenço administra uma criação de cabras ao lado do marido há doze anos. Mas apenas há dois decidiu transformar o leite em derivados. O litro do leite era comercializado a cerca de R$ 3,25 e, com o valor agregado, agora vale quase R$ 20.
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“A gente criava cabra e colocava o leite no PAA [Programa de Aquisição de Alimentos]. Mas a conta não batia com relação a manter os animais. Eu trabalhava em outra área, era vendedora. E meu marido insistiu em eu sair e vir para a criação”, diz ela em entrevista ao Diário do Nordeste, durante a Expolog 2024.
A produtora largou o emprego formal e se profissionalizou na elaboração dos produtos. O Capril Lourenço produz agora cerca de 20 produtos, entre queijos, iogurtes, doce de leite e sabonetes.
Os produtores vendem os produtos em feiras e eventos agroecológicos, mas buscam certificação para poderem distribuir para supermercados e outros varejistas de Fortaleza.
“Eu quero ver meu produto em uma rede de supermercados. Meu mercado maior é a capital, no interior o pessoal não tem o costume de comprar, mas o pessoal não consegue me achar ainda na capital, só em feiras”, explica Edneuly Lourenço.
A expectativa é que a certificação municipal de Quixadá seja oficializada em 2025 e em seguida as demais.
O carro chefe é o queijo tipo Boursin, batizado de ‘Pérola do Sertão’, que ganhou o concurso de queijos da Expoece em 2024. O investimento em diversificação tornou a família autossuficiente, com renda de até R$ 7 mil por mês.
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Hoje sobrevivemos exclusivamente do que a terra dá para a gente. Eu dizia que na velhice queria uma terra prometida por Deus, e aí ele me deu antes da minha velhice.
PRODUÇÃO NA COZINHA DE CASA
A arquiteta Rachel Veras Liebmann também decidiu mudar o rumo profissional e empreender em derivados do leite de cabra, direto de sua casa em Aquiraz, na Grande Fortaleza.
Aproveitando a experiência de criação de animais do marido, ela decidiu aprender a produzir queijos e outros produtos do leite de cabra.
O casal investiu na compra dos animais em abril de 2023, pensando também no melhoramento genético da espécie e venda futura das matrizes.
“É um animal completamente dócil, gostoso, inteligente, que cria uma relação pessoal. Mas é um custo alto, porque cabra dá pouco leite. Então você precisa ter beneficiamento de um produto que agregue valor”, explica Rachel.
Entre os produtos da Queijaria Tempo Rei, estão queijos de massa mole, coalho, camembert e frescal. O negócio também vende iogurtes e doce de leite: tudo feito na cozinha de casa.
Os produtos já chamaram interesse da rede de supermercados São Luiz, mas é preciso investir na certificação, segundo Liebmann.
“Estou montando o projeto, já negociando financiamentos para montar a queijaria. Quero conseguir o Selo de Inspeção Federal (SIF) e, se Deus quiser, viver disso”, planeja.