A DairyNZ explora o potencial da tecnologia digital para melhorar o bem-estar animal e a gestão das fazendas leiteiras.
Tecnologia
Figura 1: Projeto experimental (4 períodos de alocação de 5 dias).

Com a digitalização crescente no setor agropecuário, produtores têm acesso a volumes de dados cada vez maiores. O desafio está em como utilizar essas informações de forma eficaz para otimizar a produção e garantir o bem-estar dos animais.

Entre 2020 e 2024, a DairyNZ trabalhou em parceria com a AgResearch e a Fonterra no programa New Zealand Bioeconomy in a Digital Age (NZBIDA). O objetivo era explorar como as tecnologias digitais poderiam aprimorar o manejo das fazendas e o cuidado com os animais. Três grandes frentes de pesquisa foram estabelecidas:

  1. Monitoramento do bem-estar animal via tecnologia digital.
  2. Medição e previsão de estresse térmico em vacas leiteiras na Nova Zelândia.
  3. Uso de dispositivos vestíveis para otimização do manejo de pastagens.

Tecnologia vestível e manejo de pastagens

Na Nova Zelândia, quase um milhão de vacas leiteiras já utilizam dispositivos vestíveis para monitoramento individual. No entanto, a DairyNZ decidiu explorar o potencial desses dispositivos na gestão de pastagens.

Um experimento foi conduzido com quatro rebanhos, onde os animais receberam diferentes quantidades de pasto, variando entre 80% e 120% de suas necessidades estimadas. As medições dos sensores foram comparadas a indicadores tradicionais de disponibilidade de forragem, como a biomassa do pasto antes e depois do pastejo.

Apesar dos avanços, a tecnologia ainda está em estágio inicial e necessita de mais estudos para sua implementação comercial. Os primeiros resultados foram compartilhados com empresas de tecnologia, incentivando o desenvolvimento de soluções para o setor.

Medição e previsão de estresse térmico

O estresse térmico afeta a produtividade e o bem-estar dos bovinos leiteiros. Para medir essa condição, a métrica mais comum é o Índice de Temperatura e Umidade (THI). No entanto, essa metodologia é mais aplicável a sistemas de confinamento e apresenta limitações para rebanhos criados a pasto, como é o caso da Nova Zelândia e do Brasil.

Por isso, pesquisadores desenvolveram o Índice de Carga Térmica para Pastejo (Grazing Heat Load Index – GHLI), que leva em consideração variáveis climáticas como radiação solar, temperatura do ar e velocidade do vento. Dentro do programa NZBIDA, o GHLI foi aperfeiçoado com dados coletados de 600 vacas em sete fazendas distintas. Os pesquisadores analisaram fatores ambientais e fisiológicos, como frequência respiratória, temperatura ruminal e comportamento dos animais.

Os estudos confirmaram a relevância do GHLI para prever episódios de estresse térmico. Contudo, o modelo ainda enfrenta desafios, como a dificuldade de prever o impacto do vento na dissipacão de calor dos animais. Pesquisas futuras buscarão novas abordagens de modelagem para refinar o índice e fornecer previsões ainda mais precisas.

Outro ponto importante é que os animais apresentam diferentes níveis de susceptibilidade ao calor. Com o uso de sensores vestíveis, os produtores poderiam identificar quais vacas necessitam de sombra em dias quentes, reduzindo custos e otimizando o bem-estar do rebanho.

Fazenda Conectada: Integração de dados na gestão leiteira

O projeto Fazenda Conectada está testando a integração de múltiplas fontes de dados para otimizar a gestão leiteira. Para isso, foi desenvolvido um painel de controle que consolida informações sobre o ambiente e o comportamento animal. O sistema está sendo testado em duas fazendas na Nova Zelândia, permitindo ajustes conforme as necessidades dos produtores.

O painel inclui previsões de estresse térmico, dados sobre sistemas de água e condições das pastagens, como disponibilidade de sombra. Além disso, exibe dados meteorológicos em tempo real e informações sobre o comportamento do rebanho, permitindo aos produtores tomarem decisões mais estratégicas para o bem-estar dos animais.

Uma funcionalidade inovadora é o “orçamento de tempo” das vacas, que compila dados de diversas fontes para indicar como os animais distribuem suas atividades diárias e quais fatores afetam seu comportamento. Essa ferramenta pode ajudar os produtores a identificar padrões que influenciam o desempenho do rebanho.

A principal conclusão até agora é que integrar diferentes fluxos de dados pode agregar valor à gestão da fazenda. No entanto, é essencial que os produtores confiem nas informações para tomarem decisões baseadas em dados. O projeto continuará na próxima safra, explorando maneiras de maximizar o potencial da tecnologia digital na pecuária leiteira.

O futuro do setor leiteiro depende cada vez mais da digitalização e da inovação tecnológica. Projetos como esses demonstram como a tecnologia pode ser uma aliada na busca por eficiência, bem-estar animal e sustentabilidade na produção de leite.

*Traduzido e adaptado para eDairyNews 🇧🇷

Te puede interesar

Notas Relacionadas

ASSINE NOSSO NEWSLETTER