No entanto, o deputado afirmou que o Brasil também deve ser alvo da política protecionista do presidente estadunidense, Donald Trump, e do Partido Republicano.As sobretaxas comerciais impostas pelos Estados Unidos à China, bem como a resposta dos chineses aos americanos, podem se converter em oportunidades para o mercado brasileiro, segundo o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado federal Pedro Lupion (PP-PR).
“Sempre foi característica dos republicanos o protecionismo à agropecuária. Temos boa relação com a China e disputamos com os Estados Unidos essa posição de destaque comercial.
As barreiras impostas pelos americanos com resposta imediata dos asiáticos pode ser uma oportunidade de ter acesso ao mercado e uma ainda melhor relação com a China”, disse Lupion, em entrevista ao Jornal Jovem Pan, na noite de terça-feira (4).
Quanto aos setores que devem ser mais afetados, o presidente da FPA enfatizou que os americanos devem optar por proteger a indústria de etanol de milho, principal fonte energética. De acordo com o parlamentar, o Brasil exportou muito mais milho que os Estados Unidos, já que o país estaria segurando o produto para produzir etanol.
“Eles têm a preocupação de proteger a indústria de etanol de milho, como principal energia de renováveis por lá, o suco de laranja é um grande problema para eles e nós somos os responsáveis por 80% do suco mundial. Acho que vem algo por aí, porque eles são agressivos na negociação. Por isso, acredito que tenhamos alguma imposição de tarifas.”
Preços de alimentos
“Criam narrativas de que a alta de alimentos possui relação com a produção agropecuária do país, mas esse dinheiro não vai para o bolso do produtor, não chega no produtor.
Isso é prejuízo porque se vende menos, esfria a economia e aumenta a inflação. A população sente a dor no bolso na hora de fazer as compras e tudo se resume a um ataque direto ao setor que, de fato, abastece o país e é responsável por 30% do PIB.”
Vetos e reforma tributária
Às vésperas da sessão do Congresso Nacional que irá analisar os vetos presidenciais, a reforma tributária volta à pauta, já que alguns vetos dizem respeito ao tema.
Em especial, a trechos que tratam dos Fundos de Investimento Imobiliário (FII) e do Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (Fiagro).
Segundo Lupion, a regulamentação da reforma foi um momento de intensa articulação e os Fiagros um dos destaques dessas discussões.
Para o líder da FPA, jamais foi proposta qualquer taxação aos Fundos nos momentos de negociação e o veto surgiu como uma surpresa para o setor.
“Estão tentando se justificar e achar uma resposta para quem está querendo vetar. Se não há vontade do veto, por qual motivo temos que negociar para alterar a legislação? É uma falta de habilidade política de negociação e de modus operandi dentro do Congresso.
A liderança do governo, a Casa Civil, o Ministério da Fazenda, ninguém conversa. O desgaste acaba com o governo”, afirmou Lupion.
Prioridades da FPA e COP 30
Sobre as prioridades para os próximos dois anos, Lupion salienta que a bancada está atenta desde as questões econômicas até a realidade das invasões de terras país afora, que, segundo ele, são orquestradas por movimentos sociais que estão dentro do governo.
“Precisamos buscar soluções para a economia que afetam diretamente produtores rurais e toda a sociedade.
Além disso, existem problemas que envolvem direito de propriedade e os movimentos sociais que estão em todas as esferas do governo. Isso sem contar o Plano Safra, o seguro agrícola e a equalização de juros.
O presidente da FPA acrescentou outra preocupação: a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025.
Ele destacou que o Brasil deve mostrar que é o país das florestas, mas também da produção de alimentos.
“O agro vira o cardápio desses eventos e sempre é atacado. Temos que chegar com boas iniciativas, bons números e mostrar que, graças ao setor, somos socioambientalmente responsáveis e, ao mesmo tempo, alimentamos dois bilhões de pessoas no mundo”.
Da FPA