Sob a ótica da produção por país, somente os dez maiores produtores, juntos, foram responsáveis por quase dois terços (64%) do leite produzido globalmente.
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Nos últimos dez anos, a produção mundial de leite cresceu 27%, considerando o ano de 2013 em relação a 2023, o que representa um crescimento médio de 2,6% ao ano.

Sob a ótica da produção por país, somente os dez maiores produtores (Figura 1), juntos, foram responsáveis por quase dois terços (64%) do leite produzido globalmente.

Neste período 2013 a 2023, a produção total oriunda desses países apresentou um crescimento de 33% (2,9% ao ano na média), maior, portanto, ao crescimento da produção global.

Figura 1. Países maiores produtores de leite em 2013 e 2023.Fonte: IFCN (2025); elaboração dos autores.
Figura 1. Países maiores produtores de leite em 2013 e 2023.
Fonte: IFCN (2025); elaboração dos autores.

 

Em 2023, a produção mundial totalizou 956 milhões de toneladas de leite, considerando-se todo tipo de leite, incluindo leite de búfala estimado em 150 milhões de toneladas (16%).

Em termos do incremento em produção entre 2013 e 2013, o destaque foi a Índia com um aumento expressivo de 109 milhões de toneladas, equivalente a 72% no período, consolidando-se como a maior produtora mundial. Esse volume representou 53% do aumento da produção global no período.

Os Estados Unidos e a China tiveram incrementos de 18,4 e 10,6 milhões de toneladas, respectivamente. A oferta de leite evoluiu favoravelmente, em regiões emergentes, especialmente aquelas com produção mais informal, como a Ásia, que atualmente responde por 45% da produção mundial de leite.

Por outro lado, França e Brasil mantiveram produção praticamente estável no período, enquanto a União Europeia como um todo enfrentou dificuldades para expandir sua oferta de leite. Esse cenário reforça o protagonismo crescente da Ásia e a necessidade de adaptação das regiões exportadoras tradicionais a um novo equilíbrio no mercado global de lácteos.

A Ásia também se destaca por concentrar 60% do rebanho leiteiro mundial, sendo a Índia com 41%; Paquistão, 7%; China e Turquia, 2%; e Rússia, 1% (Figura 2).

Chama atenção o caso da Índia, que possui aproximadamente 140 milhões de vacas ordenhadas (incluindo búfalas), além do Paquistão e do Brasil, ambos com plantéis próximos de 20 milhões de animais. O Brasil foi o país com maior redução de um terço do rebanho leiteiro no período, de mais de 7 milhões de vacas.

Figura 2. Número de vacas ordenhadas nos dez países maiores produtores de leite em 2013 e 2023.Fonte: IFCN (2025); elaboração dos autores
Figura 2. Número de vacas ordenhadas nos dez países maiores produtores de leite em 2013 e 2023.
Fonte: IFCN (2025); elaboração dos autores

 

India e Paquistão reúnem características particularmente distintas das demais regiões países no que se refere a produção de leite. Primeiro pelo número de estabelecimentos, 67 milhões e 7 milhões, respectivamente. Segundo, por utilizar o búfalo como importante fonte de produção leiteira, representando 42% e 63% do total de leite desses Países, respectivamente.

A Índia, que em 2013 tinha uma participação de 20% na produção leiteira mundial, aumentou sua representatividade para 27% em 2023. Atualmente, talvez seja o único país em que vêm o número de vacas continua crescendo, a uma taxa de aproximadamente 1% ao ano.

O número de estabelecimentos também vem aumentando nesta mesma proporção, embora a atividade leiteira permaneça predominantemente informal, com produtividade média 1.882 kg/vaca/ano.

Apesar de maiores dificuldades na oferta de leite no mundo, especialmente as regiões exportadoras de lácteos, em todos os dez países maiores produtores houve aumento do indicador de produtividade (Figura 3).

Figura 3. Produtividade das vacas dos países maiores produtores de leite no mundo.Fonte: IFCN (2025); elaboração dos autores.
Figura 3. Produtividade das vacas dos países maiores produtores de leite no mundo.
Fonte: IFCN (2025); elaboração dos autores.

 

A redução do número de vacas ordenhadas em alguns países é atribuída, em grande parte, à substituição de vacas menos produtivas por outras geneticamente superiores. Na União Europeia, o tamanho do rebanho tem diminuído, também, devido a restrições ambientais e políticas voltadas à redução do número de animais. Esse cenário tem gerado insatisfação entre os produtores e protestos em algumas regiões.

Nos Estados Unidos, o abate de vacas aumentou 0,9% em 2023, refletindo o aperto nas margens de lucro. No entanto, o ano de 2025 se mostra mais promissor, com expectativa de crescimento da produção mundial de leite em aproximadamente 2,5% em relação a 2023, impulsionado por melhores preços e custos de produção reduzidos.

Em resumo, apesar dos desafios enfrentados pelo setor lácteo global nos últimos anos, as perspectivas para 2025 são cautelosamente otimistas.

O equilíbrio entre oferta e demanda, aliado à gestão eficiente dos custos de produção e às mudanças estruturais no setor, será essencial para a sustentabilidade do mercado de leite nos próximos anos. (Lorildo Aldo Stock e Luiz Antonio Aguiar de Oliveira/Milkpoint)

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