ESPMEXENGBRAIND
16 abr 2025
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Dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD) mostram que o setor como um todo expandiu 2,4% ao longo de 2024: Brasil é o maior mercado consumidor de proteína do soro do leite na América do Sul.
A Sooro Renner, líder no mercado de Whey Protein, investiu mais de R$ 600 milhões nas fábricas da empresa. Produção diária quintuplicou nos últimos anos.

Início de ano, planos e metas novos, dietinha para recuperar o ritmo, app da empresa para competição de quem treina mais. Que atire a primeira pedra quem não pensou em levar 2025 nessa vibe.

E cada vez mais temos visto por aí as suplementações, inseridas nesse contexto para dar uma mão na rotina: proteína, creatina, glutamina, aminoácidos…

Em cápsula, em pó, comprimidos, batidos com banana e até disfarçados de balinha, os suplementos alimentares e vitamínicos ganharam a mente e o corpo dos brasileiros.

De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD), o setor de alimentos para fins especiais, nome técnico de boa parte dessas suplementações, mostrou crescimento significativo em 2024.

O consumo de vitaminas, por exemplo, cresceu em 9,3% entre janeiro e dezembro, na comparação com 2023. Já os concentrados de proteínas registraram um avanço de cerca de 3% no mesmo período, segundo cálculos da ABIAD.

Uma das explicações para tanta admiração pelo whey protein é por ser a forma mais eficiente de o corpo humano digerir e usar o nutriente.

Como são microfiltrados, oferecem proteína ultrapura, pois o processo de produção garante que a proteína permaneça intacta e tão pura quanto possível, podendo ser diluído em diferentes tipos de bebida.

Um relatório da Mordor Intelligence coloca o Brasil como o maior mercado consumidor de proteína do soro do leite na América do Sul, sendo responsável por mais de 58% do mercado. A projeção é que o consumo continue crescendo a uma taxa anual de 8% entre 2024 e 2029. Informação que impulsiona a produção do ingrediente no Brasil atualmente.

Pioneira na fabricação de whey e líder no mercado de suplementos, a Sooro Renner investiu mais de R$ 600 milhões nos últimos cinco anos. A indústria,  baseada em Marechal Cândido Rondon (PR) e Estação (RS), é hoje a maior processadora de soro de leite da América Latina.

Recentemente a Sooro apostou em uma expansão que quintuplicou a produção diária e investiu em uma torre só para produzir uma nova fórmula: o permeado de soro de leite.

“A gente não produzia permeado e passamos a produzir em torno de 100 toneladas/dia desse produto. Estamos falando aí de 3 mil toneladas/mês de permeado na nossa fabricação”, explica Cláudio Hausen de Souza, diretor e sócio da Sooro.

O permeado é uma fonte de energia com alto teor de lactose, que é separada no processo da produção do whey protein. “Esse mercado é crescente e nós estamos navegando em um mar bastante favorável aqui no Brasil.

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Nutrição, nos próximos cinco anos esse mercado deve dobrar de tamanho”, comenta Cláudio.

A sooro produz quase 100 mil toneladas/ano, destinadas aos mais diversos segmentos de nutrição humana e animal, chegando a milhões de consumidores ao redor do mundo
A sooro produz quase 100 mil toneladas/ano, destinadas aos mais diversos segmentos de nutrição humana e animal, chegando a milhões de consumidores ao redor do mundo

Da manteiga ao whey

Esse nicho de mercado fez com que marcas estabelecidas, como a Piracanjuba, abrissem novas frentes de produção para acompanhar a tendência.

Nascida em 1955, a Piracanjuba começou produzindo manteiga, há mais de 69 anos, na cidade goiana de quem emprestou o nome. Há cerca de sete anos, vieram os itens com suplementação de proteínas. Em 2018, chegou a vez do Piracanjuba Whey.

A demanda foi tão grande que foi preciso ajustar a produção para ter mais e novas opções da bebida. Uma forma de atender diferentes perfis de consumidores, que reúne do atleta ao praticante de atividades físicas de grau moderado a leve.

Para atendedr toda a demanda, o processo de produção é feito em sete unidades fabris, com capacidade produtiva de mais 6 milhões de litros de leite por dia. Além disso, conta com 16 postos de recepção de leite e mais de 4 mil colaboradores, ao todo.

Para o diretor de Nutrição do Grupo Piracanjuba, Wesley de Pádua Barbosa, os lançamentos diversificaram o portfólio da empresa e os resultados apareceram.

 

“Hoje a Piracanjuba ocupa a 2ª posição entre as marcas mais vendidas no ranking bebida com alto teor de proteína.

Nós triplicamos o número de máquinas dedicadas à produção de whey 250 ml nos últimos dois anos, conseguindo chegar ao 2º lugar em share e, principalmente, ajudando a desenvolver a categoria que cresce acima de 2 dígitos no país”, explica Wesley.

 

Em março de 2024, o Grupo Piracanjuba comprou a Emana, empresa de suplementos como vitaminas, encapsulados, proteínas, shots funcionais e gomas, além das bebidas proteicas. .

“Temos a oportunidade de desbravar novos segmentos, contribuindo para os nossos planos de ser uma das melhores marcas de nutrição do país. Isso inclui democratizar o acesso da população aos produtos de suplementação alimentar.

A meta é aproveitar nossa expertise junto ao varejo para fortalecer a presença desses produtos em supermercados, por exemplo. Algo que, hoje, é limitado”, afirma Wesley de Pádua.

Tendência mundial e um giro de milhões

O crescimento mercado de suplementação reflete mudanças no comportamento dos consumidores, que estão em busca de qualidade de vida. E essa é uma tendência mundial que vai aumentar nos próximos 16 anos.

É o que mostra um estudo publicado no final de 2024 pela Rede de Observatórios do Sistema Indústria sobre as macrotendências que vão impactar a indústria até 2040. O levantamento indicou a “cultura do bem-estar” como um dos comportamentos que veio para ficar.

Uma tendência com potencial de impacto em toda a indústria nacional e que toca em aspectos diversos, como mudanças nos padrões de consumo, novas tecnologias de produção, questões ambientais e transformações sociais.

“As análises feitas por este tipo de estudo permitem que organizações identifiquem oportunidades emergentes, antecipem riscos e alinhem suas estratégias a cenários de transformação, aumentando a resiliência e a capacidade de adaptação em contextos de incerteza”, explica o responsável pelo núcleo de prospectiva do Observatório Nacional da Indústria, Marcello Pio.  

Suplementos que ajudam também no emprego

O setor como um todo expandiu 2,4% em consumo aparente ao longo de 2024, quando comparado com 2023.

Junto com o aumento do consumo, veio o impacto do mercado de trabalho: a contratação de profissionais subiu 4,4% em 2024, valor que representa a abertura de mais de 4,3 mil postos de trabalho, segundo a ABIAD.

Quando se trata de importações, o segmento teve um aumento de 24,6%, totalizando mais de US$ 1 bilhão, o que reforça o interesse do consumidor brasileiro em alimentos dessa categoria. A importação de concentrados de proteínas e vitaminas também cresceu 66,7% e 15,6%, respectivamente.

 

“O setor apresentou um crescimento contínuo ao longo de 2024, impulsionado pelo investimento em pesquisa e desenvolvimento.

A introdução de novos ingredientes e tecnologias resultou em maior eficácia e diversificação dos produtos, fortalecendo a confiança dos consumidores.

De modo geral, foi um ano em que a indústria consolidou sua importância e expandiu sua base de consumidores, fatores essenciais para esse desempenho positivo”, afirma Gislene Cardozo, diretora executiva da ABIAD.

 

 

 

A importância do consumo seguro

Até aqui parece tudo bem, tudo de bom, mas vamos agora entrar na parte mais “forte” do suplemento. Aminoácidos, proteínas, seja qual for o suplemento, não é indicado administração por conta própria.

Esses produtos devem fazer parte de uma estratégia, que será montada por um especialistas. ” Na prática clínica, o que a gente vê muito é a pessoa se automedicando.

Faz a matrícula na academia e já compra o Whey protein. E isso é muito por conta do acesso à informação, que hoje é muito rápido”, revela a nutricionista e representante da Federação Nacional de Nutrição (FNN), Michelly Dossi.

O mercado aquecido, todo mundo tomando, querendo tomar, segundo Michelly, não pode ser um incentivo ao consumo indiscriminado.

 

“A suplementação não é para todos. Não são todas as pessoas que têm necessidade. Precisa fazer avaliação, com médicos, adequar o que o corpo precisa e o que está sobrando, porque a falta gera problemas, mas o excesso também”, alerta Michelly Dossi.

 

Outro ponto importante de citar é a segurança comercial do produto. No fim do ano passado, 48 marcas de whey protein foram retiradas de circulação.

Nove sites brasileiros, não especificados, foram obrigados a parar de vender esses produtos. A suspeita era de adulteração na fórmula, após a Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri) analisar as marcas.

Também no fim do ano passado, a CNI divulgou a pesquisa Percepção da Indústria Sobre os Impactos da Ilegalidade e para as empresas consultadas, o ilícito que mais evoluiu nos últimos três anos foi a venda de produtos não-conformes, assinalado por 43% dos empresários.

E cerca de metade das empresas percebeu que foi o comércio digital  que aumentou a venda de produtos não-conformes (53%), piratas ou falsificados (51%).

“Sempre direciono os pacientes para que verifiquem as marcas, para que veja a avaliação da Anvisa, poruqe hoje em dia tem muitos problemas com fórmulas trocadas e ingredientes que não estão de acordo.

A suplementação pode ser uma ótima alternativa, se indicada, mas é importante ter responsabilidade para que seja parte de um estilo de vida saudável”, concluiu Michelly.

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