A principal aposta da Lactalis para dobrar seu faturamento até 2030 está na agregação de valor aos cerca de 2,7 bilhões de litros de leite captados por ano, reduzindo a participação de itens considerados commodities, como o leite UHT e o leite em pó.
“Dentro do nosso portfólio existe uma parte de commodities muito grande, mas também possuímos produtos de valor agregado como iogurtes e queijos”, afirma o presidente da Lactalis nas Américas, Patrick Sauvageot.
Segundo o executivo, hoje o consumo per capita de queijo e iogurte está entre cinco e seis quilos por habitante ao ano no Brasil, mas há potencial para dobrar essa demanda.
De olho nisso, a empresa investirá 40 milhões para expandir sua produção de iogurtes em Araras (SP), operação adquirida da DPA Brasil. O valor está incluído nos R$ 2,7 bilhões aplicados desde que a empresa chegou ao país.
O plano é aumentar em quase 50% a capacidade de produção da fábrica e triplicar a de iogurtes naturais, compostos por apenas dois ingredientes: leite e fermento.
“É uma categoria que tem crescido bastante, mas que exige um investimento pesado pois o processo de produção precisa ser muito limpo”, observa o CEO da Lactalis no Brasil, Roosevelt Júnior.
A estratégia inclui ainda o lançamento de sobremesas lácteas prontas, que se enquadram na categoria de iogurtes, mas com crescimento acima da média, de 14,3%.
Por outro lado, a participação total desse segmento no mercado brasileiro é de 3% comparado a 20% na Europa, sinalizando o potencial de aumento da demanda nos próximos anos, segundo o CEO da operação brasileira.
De acordo com dados da Nielsen apresentados pela Lactalis ao Valor, o mercado brasileiro de iogurtes registrou seu primeiro crescimento em seis anos em 2024, com avanço de 8,6% em volume e de 16,3% em faturamento.
O resultado reflete o desempenho da própria companhia, que tem 40% desse mercado em volume e 46% em faturamento e registrou o dobro de crescimento no mesmo período.
Já em relação às vendas de leite UHT e leite em pó, o Brasil registrou queda de 0,7% e 14% em volume, respectivamente em 2024, mas com aumento do faturamento — o que pode ser lido como um efeito direto da inflação do período, segundo avaliação de Roosevelt Júnior.
“O iogurte, pela inovação e pela novidade que conseguimos trazer em categorias relevantes, conseguimos fazer a categoria crescer.
Mas para produtos básicos, onde está concentrado mais de 50% do consumo do leite, já começamos a ver a inflação batendo na porta e pressionando o tamanho da categoria”, conclui.