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26 jun 2025
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A dependência da agroindústria dos EUA da mão de obra imigrante expõe a fragilidade do sistema atual. As recentes ações do governo Trump reacendem o debate e aumentam a pressão por uma reforma migratória que garanta segurança jurídica, estabilidade produtiva e proteção ao abastecimento alimentar.
O presidente dos EUA, Donald Trump, caminha no gramado sul da Casa Branca antes de embarcar no Marine One em Washington, DC, EUA, em 20 de junho de 2025. Crédito: Stefani Reynolds/Bloomberg via Getty Images
O presidente dos EUA, Donald Trump, caminha no gramado sul da Casa Branca antes de embarcar no Marine One em Washington, DC, EUA, em 20 de junho de 2025. Crédito: Stefani Reynolds/Bloomberg via Getty Images

A recente retomada das operações do ICE (Imigração e Alfândega dos EUA) em fazendas, processadoras de alimentos, restaurantes e hotéis reacendeu o debate sobre a dependência da indústria agroalimentar americana em relação à mão de obra imigrante, grande parte dela sem documentação legal.

O próprio presidente Donald Trump admitiu, através de sua rede Truth Social, que suas políticas agressivas estão retirando trabalhadores difíceis de substituir. Apesar de um breve recuo nos bloqueios em fazendas e indústrias, o governo retomou as ações, buscando atingir a meta diária de 3.000 prisões, sem exceções setoriais.

O setor agroalimentar americano expressou forte preocupação. Associações de produtores, líderes da indústria e entidades como a American Farm Bureau Federation (AFBF) alertam que as ações estão agravando a escassez de mão de obra, provocando absenteísmo e instabilidade operacional, com riscos à segurança alimentar do país.

Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), aproximadamente 50% da força de trabalho do setor agroalimentar não possui documentação regular, sendo os trabalhadores rurais o maior grupo. Na Califórnia, estado líder em produção agrícola e laticínios, estima-se que mais da metade dos trabalhadores do setor estejam em situação irregular.

Associações como a Western Growers e a California Farm Bureau alertam que a deportação de trabalhadores pode comprometer colheitas e afetar toda a cadeia de suprimentos, resultando em perdas e aumento de preços. A Califórnia responde por mais de 50% da produção nacional de frutas, vegetais e nozes, além de liderar o setor de laticínios.

Empresários como Hamdi Ulukaya, CEO da Chobani, também se manifestaram contra as medidas, destacando o impacto negativo sobre a cadeia de abastecimento alimentar dos EUA.

Diante dessa realidade, cresce a pressão por uma reforma migratória específica para o setor agroalimentar, com propostas como:

  • Modernizar e ampliar o programa de visto H-2A, principal via legal para trabalhadores agrícolas, permitindo empregos de tempo integral e reduzindo burocracias.

  • Criar um caminho de legalização para trabalhadores indocumentados que já atuam no setor, mediante comprovação de trabalho contínuo, checagem de antecedentes e pagamento de impostos.

  • Estabelecer um visto específico para o setor agroalimentar, incluindo agricultura, processamento e distribuição, com entrada e saída flexíveis e garantias trabalhistas.

  • Fortalecer os direitos e a proteção dos trabalhadores imigrantes, garantindo salários justos, condições seguras e combate a abusos.

  • Melhorar a coordenação entre governos federal, estaduais e empregadores, criando sistemas integrados de gestão da demanda de trabalho.

A verdade é que o sistema agroalimentar americano, em sua forma atual, não funciona sem trabalhadores imigrantes. Fingir o contrário é ignorar a base produtiva do país.

Líderes do setor defendem que o foco deve ser, de forma urgente, pressionar o Congresso e o governo por reformas realistas que garantam a legalização, a estabilidade da força de trabalho e a segurança alimentar.

Esse caminho é o mais sensato tanto para o setor quanto para os consumidores e para a economia dos EUA.

*Traduzido e adaptado para eDairyNews 🇧🇷

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