A Universidade Federal de Viçosa (UFV), referência nacional em tecnologia de laticínios, acaba de dar mais um passo rumo à inovação no setor:
pesquisadores e alunos da instituição desenvolveram um doce de leite sem adição de açúcar, sem lactose e com menos calorias, pensado especialmente para atender públicos com restrições alimentares, como diabéticos e intolerantes à lactose.
O projeto, conduzido no Departamento de Tecnologia de Alimentos da UFV, em Minas Gerais, teve como desafio criar um doce de leite diet que preservasse o sabor, a textura cremosa e o brilho característicos do tradicional Doce de Leite Viçosa — um dos mais premiados do Brasil.
Segundo o professor Evandro Martins, orientador da pesquisa, o mercado já oferece versões sem açúcar ou sem lactose, mas a maioria desses produtos apresenta problemas de textura, excesso de aditivos ou sabor residual desagradável.
“O objetivo era ir além, criar um doce sem os dois componentes, mas com o máximo de semelhança ao produto tradicional e respeitando as tendências de alimentos com menos ingredientes artificiais”, explica o professor.
Nos laboratórios da UFV, os estudantes Gustavo Silva Campos e Jonathan Gusmão trabalharam para solucionar desafios técnicos que vão desde o acerto da textura — sem o uso de gomas que deixam o doce parecido com uma musse — até a eliminação do sabor amargo causado por adoçantes artificiais.
Outro obstáculo foi evitar o acúmulo de minerais nas paredes dos equipamentos durante o cozimento, um problema comum quando o açúcar é removido do processo.
O resultado, segundo os pesquisadores, é um doce de leite diet e sem lactose, com aproximadamente 25% menos calorias que o convencional, textura pastosa, brilho, cor e sabor próximos ao produto tradicional.
Além de atender o público diabético e os intolerantes à lactose, o novo doce também pode ser consumido como fonte de energia rápida em atividades físicas, sendo uma opção para atletas e pessoas que buscam controlar a ingestão calórica sem abrir mão do sabor.
A fórmula e o processo de fabricação seguem em sigilo, já que o produto está em fase de registro de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). A expectativa é que, após a finalização dos trâmites, o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da UFV inicie as negociações com empresas interessadas no licenciamento da tecnologia.
Andrea Barros Ribon, presidente do NIT, destaca a importância do projeto como exemplo de como o empreendedorismo e a inovação podem nascer dentro da universidade. “Esse doce de leite é resultado do talento dos nossos alunos e do apoio institucional para transformar pesquisa em soluções de impacto para a sociedade”, ressalta.
Com o desenvolvimento desse produto, Viçosa — já conhecida como Capital Estadual do Doce de Leite — reforça sua posição de destaque na cadeia láctea mineira, ao unir tradição e tecnologia de ponta para atender consumidores cada vez mais exigentes e conscientes sobre alimentação.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Universidade Federal de Viçosa – Notícias