A produção mundial de leite deve apresentar um leve crescimento em 2025, liderada por países como Estados Unidos e Nova Zelândia, enquanto a União Europeia caminha na contramão, pressionando o avanço global do setor.
De acordo com a RaboResearch, as principais regiões exportadoras de lácteos devem alcançar 326,7 milhões de toneladas no próximo ano, um aumento de 1% em relação a 2024 — o maior incremento anual desde 2020.
No entanto, o cenário europeu compromete as projeções de longo prazo. Com previsão de queda de 0,5% na produção da UE este ano, o crescimento global para 2026 pode ser limitado a apenas 0,3%.
O recuo europeu é atribuído principalmente à redução do rebanho leiteiro no noroeste da Europa e ao impacto prolongado da febre catarral ovina registrada no verão de 2024.
Países como França, Alemanha e Holanda conseguiram manter em abril volumes semelhantes aos de 2024, impulsionados pela melhora nas condições climáticas, mas a recuperação ainda é tímida.
Entre as exceções positivas, Irlanda, Reino Unido e Polônia registraram aumentos de 5,2%, 4,2% e 1,6%, respectivamente, no primeiro trimestre. No caso irlandês, o avanço acontece após um 2024 particularmente fraco.
Para o bloco europeu como um todo, as perspectivas são modestas: o crescimento da produção em 2025 deve ser de apenas 0,1%, abaixo das estimativas iniciais do próprio RaboResearch.
Preços em alta animam produtores
Apesar da produção contida, as previsões de preços são otimistas. A gigante neozelandesa Fonterra projeta um preço médio recorde de 44 euros por 100 kg de leite para a temporada 2025/26 (junho de 2025 a maio de 2026).
Na Europa, os contratos futuros do EEX (European Energy Exchange, de Leipzig) indicam preços em torno de 0,55 euro por litro, sustentados pelos patamares de 2.520 euros por tonelada para o leite em pó desnatado e 7.400 euros por tonelada para a manteiga no restante de 2025.
O RaboResearch projeta um preço médio anual de 0,54 euro por litro, com leve queda prevista no segundo semestre.
Mercado internacional enfrenta incertezas
Apesar da boa demanda global por lácteos, fatores econômicos e geopolíticos seguem no radar do setor. Nos Estados Unidos, a confiança do consumidor caiu; na China, dificuldades econômicas impactam as compras; e setores-chave como o de food service ainda enfrentam retração.
Além disso, tensões comerciais, ameaças de novas tarifas e o fortalecimento do euro podem afetar a competitividade das exportações europeias, sobretudo em mercados sensíveis a preço.
Na Europa, o consumo interno segue estável, mas o enfraquecimento da economia da Alemanha e a alta nos preços dos alimentos podem desacelerar a demanda na segunda metade do ano, cenário que exige atenção dos exportadores.
Enquanto isso, países como os Estados Unidos devem registrar crescimento de 1,4% na produção em 2025, e a Nova Zelândia, principal player global, tem potencial para retomar níveis recordes de produção — o que pode reposicionar o equilíbrio entre oferta e demanda internacional.
Para o Brasil, o cenário é duplo: preços internacionais em alta podem favorecer as exportações, mas o avanço da produção fora da Europa, especialmente na Oceania e América do Norte, exige cautela dos produtores brasileiros que buscam competitividade no mercado global.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Diario Lechero