ESPMEXENGBRAIND
8 jul 2025
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🚨 Empresários usaram nomes de produtores mortos e leite adulterado em esquema que desviou R$ 100 milhões em Pernambuco.
A investigação indica que o produto adulterado era distribuído tanto via o Leite de Todos quanto em contratos paralelos com a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco.
Servidores públicos e até membros de instituições ligadas ao agronegócio participaram de um esquema milionário de fraudes, falsificações e adulteração do leite distribuído à população carente.

A Polícia Federal de Pernambuco concluiu um inquérito que revela o maior escândalo recente envolvendo o programa social Leite de Todos, criado para combater a fome e apoiar pequenos produtores.

Segundo as investigações, empresários, servidores públicos e até membros de instituições ligadas ao agronegócio participaram de um esquema milionário de fraudes, falsificações e adulteração do leite distribuído à população carente.

Após três anos de apuração, foram indiciadas 40 pessoas, entre elas os empresários Paolo Avallone, dono do laticínio Natural da Vaca Alimentos LTDA, e Francisco Garcia Filho, ligado à Planus Administração e Participações, apontados como líderes da organização criminosa.

Também figura entre os principais nomes Severino Pereira da Silva, presidente da Cooperativa dos Pecuaristas e Agricultores de Itaíba (COOPEAGRI).

O modus operandi do esquema envolvia o uso de nomes e documentos de ao menos 33 produtores rurais já falecidos, com o objetivo de forjar comprovantes de compra de leite in natura. Um dos casos mais emblemáticos é o do produtor Francisco Alves de Lira, falecido em 2011, mas que “assinou” recibos de fornecimento de 1,5 mil litros de leite em 2014.

Além disso, laudos apontam que o leite fornecido ao programa sofria adulteração com aditivos como soro de leite e dióxido de titânio — prática que reduz custos, mas coloca em risco a saúde dos beneficiários.

A investigação indica que o produto adulterado era distribuído tanto via o Leite de Todos quanto em contratos paralelos com a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco.

O relatório da PF detalha o funcionamento da estrutura criminosa, que contava com líderes, testas de ferro, falsificadores, servidores públicos e integrantes do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), suspeitos de emitir documentos fraudulentos.

Ex-funcionários da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agrário, incluindo gestores jurídicos e de licitações, também foram indiciados.

A COOPEAGRI, cooperativa que deveria ser pilar do apoio ao pequeno produtor, foi usada como fachada. Segundo o Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), a entidade “não passa de uma placa na fachada de uma loja de miudezas”, pertencente à filha do presidente da cooperativa.

A investigação indica que o produto adulterado era distribuído tanto via o Leite de Todos quanto em contratos paralelos com a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco.
Servidores públicos e até membros de instituições ligadas ao agronegócio participaram de um esquema milionário de fraudes, falsificações e adulteração do leite distribuído à população carente.

 

Só em 2020, o prejuízo aos cofres públicos foi estimado em R$ 8,5 milhões. No total, os contratos investigados somam mais de R$ 95 milhões entre 2014 e 2022, parte dos quais repassados pelo extinto Ministério da Cidadania.

Durante as investigações, foram deflagradas duas operações da PF, em 2022 e 2023, com cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão. Na última, a Justiça determinou o encerramento imediato de todos os contratos das empresas envolvidas com o governo estadual.

Os crimes investigados incluem desvio de recursos públicos, estelionato, corrupção ativa e passiva, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, obstrução à Justiça e crimes contra a saúde pública.

O programa Leite de Todos deveria ser uma iniciativa para garantir alimentação a famílias em situação de insegurança alimentar e, ao mesmo tempo, fortalecer a cadeia leiteira no Estado. Em vez disso, virou palco de um escândalo que mancha a reputação do setor e expõe fragilidades no controle público.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de JC

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