O preço médio nacional do leite ao produtor registrou nova queda em maio de 2025, segundo o boletim do Centro de Inteligência do Leite (CILeite/Embrapa). A cotação líquida foi de R$ 2,64 por litro, uma redução de 3,6% em relação a abril e de 2,5% na comparação com maio de 2024.
A desvalorização compromete a rentabilidade do setor, ainda mais em um cenário de custos elevados. Em maio, foram necessários 31,8 litros de leite para adquirir 60 kg de mistura (ração baseada em milho e farelo de soja), indicando uma leve melhora frente ao mês anterior, mas resultado inferior aos anos de 2023 e 2024.
Consumo de leite e derivados: leve alta no varejo, mas abaixo da inflação
Enquanto o produtor sente o impacto da queda de preços, os consumidores enfrentam variações pontuais na cesta de lácteos. Em junho, os preços subiram 0,2% em relação a maio e 3,5% no acumulado de 12 meses, abaixo da inflação oficial medida pelo IPCA (5,4%).
Entre os derivados, o leite condensado teve a maior alta mensal (+1,1%), seguido pelo leite em pó (+1,1%) e queijos (+0,7%). Por outro lado, manteiga, iogurtes e leite UHT apresentaram recuos de até 0,4% no mês.
Comércio internacional: déficit se agrava com queda nas exportações
O Brasil segue acumulando déficit na balança comercial de lácteos em 2025. Até junho, o saldo negativo já era de US$ 477 milhões, equivalente a 1,042 bilhão de litros de leite.
Em junho, as importações somaram 156 milhões de litros equivalentes, com queda mensal de 9,2%, mas ainda refletindo um cenário de forte presença de leite em pó no mercado interno. Já as exportações caíram 30,2% em relação a maio, totalizando apenas 5 milhões de litros, embora tenham crescido 10% em relação a junho de 2024.
Pressão global: preços internacionais em queda
O cenário externo também impõe desafios. Na primeira quinzena de julho, o preço internacional do leite em pó integral caiu 6,5%, cotado a US$ 3.859 por tonelada, enquanto o desnatado recuou 2,6%, atingindo US$ 2.718 por tonelada, segundo o leilão GDT.
A tendência de queda nos preços internacionais reduz a competitividade do produto nacional e favorece importações, agravando o desequilíbrio da balança comercial.
Perspectivas
O segundo semestre de 2025 começa com incertezas para o setor leiteiro. A combinação de preços pagos ao produtor em queda, consumo doméstico desaquecido e importações ainda expressivas exige atenção das indústrias e cooperativas. A política comercial e os custos de produção continuarão sendo os principais fatores a moldar o desempenho do setor nos próximos meses.
EDAIRYNEWS
