Fonterra volta aos holofotes com a venda da sua divisão global de consumo, conhecida como Mainland Group, estimada em cerca de US$ 4 bilhões.
A operação despertou o interesse de grandes players internacionais, e agora o grupo australiano Bega teria formado uma aliança estratégica com a holandesa FrieslandCampina para reforçar sua oferta de aquisição.
A confirmação da parceria não foi oficialmente reconhecida pela FrieslandCampina, que declarou à Food & Drink Business que “é política da empresa não comentar rumores ou especulações”.
Ainda assim, a movimentação evidencia a competitividade pela aquisição da Mainland, que compreende os negócios de consumo da Fonterra na Oceania e no Sri Lanka, colocados à venda em maio de 2024.
Três gigantes na corrida
Além da possível aliança entre Bega e FrieslandCampina, dois outros concorrentes estão no páreo: a francesa Lactalis, que já recebeu sinal verde da Comissão Australiana de Concorrência e Consumidores (ACCC), e a japonesa Meiji Holdings Co, que possui negócios nas áreas alimentícia e farmacêutica na Austrália e Nova Zelândia.
A Bega, por sua vez, solicitou em junho uma autorização informal da ACCC para participar da disputa, em mais um passo estratégico para ampliar sua atuação no setor lácteo regional.
Quem é quem na disputa
FrieslandCampina é uma das maiores cooperativas lácteas do mundo, com atuação global e forte presença em produtos de valor agregado. Sua eventual entrada no mercado da Oceania por meio da Mainland fortaleceria sua presença no Hemisfério Sul.
Meiji Group, que detém mais de 17% do mercado de leite no Japão, tem buscado expandir seus negócios fora do país, com foco especial na China, segundo seu plano estratégico Meiji Group 2026 Vision.
A empresa também tem operações na Tailândia e, em 2020, adquiriu 25% da AustAsia Investment Holdings, que opera fazendas leiteiras na China.
Lactalis, por sua vez, opera marcas consolidadas como Pauls, Vaalia, Ski, Ice Break, Oak, Breaka, Lemnos, Président e Galbani na Austrália.
A empresa francesa tem realizado uma reestruturação significativa no país, como o fechamento da unidade em Echuca (VIC) e um investimento de AU$ 85 milhões em sua planta de Bendigo, para modernização e expansão da produção de iogurtes e sobremesas.
O CEO da Lactalis Austrália, Mal Carseldine, destacou que a escolha de Bendigo como centro regional se deu por seu potencial em processamento de leite, custos operacionais e infraestrutura adequada. A iniciativa também foca em sustentabilidade, automação e geração de empregos locais.
Um negócio que redesenha o mercado
A venda da Mainland representa uma guinada estratégica para a Fonterra, tradicionalmente reconhecida por sua integração vertical.
Ao se desfazer de suas marcas de consumo, a cooperativa neozelandesa reforça seu foco em ingredientes lácteos de alto valor e serviços para a indústria alimentícia – movimento já evidente em sua recente retirada do varejo.
O desfecho da disputa pela Mainland pode redefinir a configuração do mercado lácteo na Oceania e impactar significativamente as estratégias comerciais e industriais de quem levar o ativo.
A entrada de novos atores internacionais no portfólio da Fonterra também reacende a discussão sobre concentração de mercado e seus efeitos sobre produtores, consumidores e a cadeia de valor como um todo.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Food & Drink Business