O queijo pode ser um forte aliado na prevenção da obesidade, segundo um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade do Chile.
A pesquisa, publicada com o título “Associação entre o consumo de queijo, mas não de outros produtos lácteos, e o menor risco de obesidade em adultos”, analisou os hábitos alimentares de mais de dois mil chilenos e concluiu que o consumo frequente de queijo está relacionado a um risco reduzido de obesidade — desde que inserido em uma alimentação saudável e equilibrada.
A investigação foi conduzida por um grupo de especialistas de diversas universidades chilenas, entre eles o Dr. Rodrigo Valenzuela, diretor do Departamento de Nutrição da Faculdade de Medicina da Universidade do Chile.
O estudo observou que esse efeito positivo não se repete com o consumo de outros lácteos como leite ou iogurte, sugerindo que o queijo pode ter características nutricionais únicas nesse aspecto.
Segundo Valenzuela, “duas porções de queijo por dia já seriam suficientes para alcançar esse benefício, considerando que os queijos consumidos no Chile — como o mantecoso, o tipo gouda e o chanco — têm alto valor nutricional”.
Esses queijos contêm em média 27 gramas de gordura a cada 100 gramas e passam por processos de maturação que influenciam diretamente em sua composição bioquímica.
Os pesquisadores destacam que os métodos de produção e maturação impactam a estrutura das proteínas e gorduras do queijo, o que pode afetar o metabolismo energético e contribuir para a prevenção da obesidade.
“Não é só o queijo em si, mas o contexto alimentar onde ele está inserido. Um sanduíche com queijo ou uma salada com lascas de queijo são muito diferentes, do ponto de vista nutricional, de uma pizza ultraprocessada carregada de queijo”, alerta o especialista da Universidade do Chile.
Além do Dr. Valenzuela, participaram do estudo Rodrigo Chamorro e Martín Gotteland (U. do Chile), Claudia Bugueño (U. Católica do Norte), Gladys Morales (U. de La Frontera), Carla Leiva (U. Católica), Silvana Trunce-Morales (U. de Los Lagos), Nicolás Pizarro-Aránguiz (U. de Osorno) e Samuel Durán-Agüero (U. San Sebastián).
Leite: completo, sustentável e essencial em todas as idades
Paralelamente aos achados sobre o queijo, especialistas reforçam os benefícios do leite para a saúde em todas as fases da vida.
Para a gastroenterologista e acadêmica do INTA (Instituto de Nutrição e Tecnologia dos Alimentos) da Universidade do Chile, Dra. Sylvia Cruchet Muñoz, “o leite é um alimento completo, que fornece proteínas de alto valor biológico, aminoácidos essenciais, vitaminas (B12 e D), minerais como o cálcio e até água”.
Cruchet afirma que o leite é uma base insubstituível de uma alimentação saudável, com papel comprovado na prevenção de doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer, hipertensão, patologias ósseas e dentárias, além de auxiliar no combate ao sobrepeso infantil.
Sobre as intolerâncias e alergias à proteína do leite, a especialista ressalta que existem soluções seguras no mercado: “Hoje é possível encontrar leite e derivados sem lactose, com o mesmo valor nutricional.
Já no caso de alergia, é necessário substituir a proteína do leite por fórmulas hidrolisadas (no caso de crianças) ou bebidas vegetais (para adolescentes e adultos), sempre com suplementação adequada de cálcio.”
A recomendação geral, segundo Cruchet, é de 2 a 3 porções diárias de laticínios para crianças e adolescentes (cerca de 400 a 600 ml), e ao menos 2 porções (400 ml) para adultos com dieta equilibrada. “A leite é sustentável, nutritivo e indispensável. Não deveria faltar na mesa de ninguém, desde a infância até a terceira idade”, reforça.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de seu Content Partner Fedeleche