ESPMEXENGBRAIND
23 jul 2025
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🐄 Gigantes como Savencia e Agropur agora medem e divulgam suas emissões de metano, reforçando ação climática no setor lácteo.
Metano. A pecuária leiteira de baixo carbono exige ação conjunta de empresas e governos, com políticas e incentivos que viabilizem a transição no campo.
A pecuária leiteira de baixo carbono exige ação conjunta de empresas e governos, com políticas e incentivos que viabilizem a transição no campo.

O metano entrou definitivamente na pauta das grandes empresas do setor lácteo.

Agora, Savencia, Agropur e Idaho Milk Products se unem à Dairy Methane Action Alliance, iniciativa liderada pelo Fundo de Defesa Ambiental (EDF), comprometendo-se voluntariamente a medir, divulgar e mitigar suas emissões.

Com receitas combinadas de US$ 14,4 bilhões em 2024, Savencia (13º) e Agropur (17º) figuram entre os maiores laticínios do mundo, segundo o ranking Global Dairy Top 20 do Rabobank.

Ao aderirem à aliança, essas empresas reforçam a urgência de enfrentar o metano como peça-chave para alcançar metas climáticas até 2030 e 2050.

A iniciativa, que já contava com nomes como Danone, Lactalis USA, Bel Group, General Mills, Nestlé, Kraft Heinz, Starbucks e Clover Sonoma, visa a padronização na medição e transparência das emissões. O primeiro passo para os novos membros é mensurar suas emissões de metano e, em seguida, traçar planos concretos de mitigação.

Segundo Vrashabh Kapate, líder do engajamento do EDF com a indústria láctea, “o metano é uma das principais fontes de emissão na cadeia produtiva do leite. Está se tornando uma prioridade nas metas climáticas das empresas, tanto pelo impacto ambiental quanto pelas oportunidades de negócios”.

De fato, o gás metano representa uma fração significativa das chamadas emissões de escopo 3 — aquelas indiretas, associadas principalmente à produção agropecuária. Sua redução, portanto, torna-se essencial para qualquer plano sério de sustentabilidade.

A importância da padronização

Desde 2023, quando apenas a Danone divulgava seus dados de metano, houve avanços. Hoje, mais de meia dúzia de empresas compartilham abertamente essas informações. Nestlé, por exemplo, detalhou a relação entre suas matérias-primas e as emissões geradas, além de apresentar estratégias de redução.

Um desafio, porém, continua sendo a padronização dos métodos de medição, relato e verificação (MRV). “As tecnologias estão avançando, e nossa meta é tornar os princípios da Aliança — transparência e ação — um padrão global para o setor lácteo”, afirma Kapate.

De onde vem o metano?

As principais fontes de emissão de metano na pecuária leiteira são a fermentação entérica (o famoso arroto do gado) e o manejo do esterco. Em menor escala, a alimentação dos animais também contribui.

Para mitigar a fermentação entérica, algumas empresas têm apostado em aditivos como o Bovaer, da dsm-firmenich.

O Bel Group, por exemplo, distribuiu o produto à maioria de seus fornecedores na Eslováquia em 2023 e iniciou sua introdução na França com um incentivo de €10 por mil litros de leite para os produtores que aderirem, a partir do segundo semestre de 2024.

No entanto, os aditivos não são uma solução única. Kapate lembra que o “kit de ferramentas” precisa incluir outras ações, como manejo do esterco, otimização do rebanho e agricultura regenerativa. “Existem múltiplas alavancas que podemos acionar para acelerar a ação climática nas fazendas”, pontua.

O papel do produtor

Engajar os produtores é outro ponto crítico. Mesmo com incentivos financeiros, a adesão pode ser lenta. “Confiança é a base do relacionamento com os produtores. É preciso educar e demonstrar os riscos de não agir, mas também os benefícios econômicos e ambientais da transição”, explica Kapate.

A transição para uma pecuária leiteira de baixo carbono não depende apenas das empresas. Governos também têm um papel importante ao oferecer políticas públicas e incentivos que tornem viável a mudança para o produtor.

Kapate conclui com um alerta direto às empresas que ainda hesitam: “A ação climática voluntária é essencial. O risco da inação é alto demais e o metano é a alavanca mais imediata que temos para frear o aquecimento global.”

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Dairy Reporter

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