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26 jul 2025
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Wander Bastos defende mais rentabilidade ao leite com queijos artesanais, turismo rural e sustentabilidade no maior polo produtor de SP.
Wander Bastos, diretor técnico da Abraleite e presidente do Sindicato Rural de Cruzeiro (SP)
Wander Bastos, diretor técnico da Abraleite e presidente do Sindicato Rural de Cruzeiro (SP)

A valorização do leite ganhou novo impulso no Vale do Paraíba, e com ela, o protagonismo do produtor rural.

Quem defende essa nova fase da pecuária leiteira é Wander Bastos, diretor técnico da Abraleite e presidente do Sindicato Rural de Cruzeiro (SP), município situado na maior bacia leiteira do estado. Para ele, o caminho é claro: agregar valor à produção e integrar sustentabilidade, turismo e tradição à cadeia produtiva.

Médico veterinário e produtor da quinta geração de uma família de pecuaristas, Bastos coordena iniciativas que vão além da porteira.

Entre elas, destacam-se programas ambientais, incentivo ao turismo rural e a valorização de produtos como o queijo artesanal e o leite A2. “Somos o maior mercado consumidor do país, mas precisamos garantir estabilidade financeira para manter o consumo de derivados lácteos”, aponta.

Perspectivas e desafios da pecuária paulista

Segundo Bastos, embora o consumo interno esteja aquecido e os preços tenham melhorado, os produtores enfrentaram anos difíceis com aumento nos custos e preços baixos.

Muitos pequenos e médios saíram da atividade, enquanto as grandes propriedades seguiram crescendo. Em São Paulo, a produção segue estagnada, mesmo diante de uma demanda seis vezes maior que a oferta local.

“Temos desafios dentro e fora da porteira. Internamente, a gestão eficiente e a produção de alimentos para os animais são cruciais. Externamente, o foco está na sucessão familiar e na comunicação com o consumidor”, afirma.

Queijo artesanal e turismo rural: caminhos para agregar valor

A regulamentação do queijo artesanal em São Paulo abriu portas para pequenos e médios produtores. “É uma oportunidade real de tornar a atividade rentável, desde que haja eficiência”, destaca Bastos.

Os circuitos turísticos de queijarias seguem os modelos já consolidados dos vinhos e azeites, promovendo experiências imersivas para consumidores urbanos.

Além do turismo gastronômico, o Vale do Paraíba aposta no turismo ambiental e de observação de aves como novas vertentes econômicas sustentáveis, aproveitando a biodiversidade da Mata Atlântica.

Sustentabilidade como obrigação e diferencial

Desde 2010, o sindicato liderado por Bastos atua em fóruns ambientais e implementa programas pioneiros. O Protetor da Mantiqueira promove a restauração florestal com espécies nativas e frutas regionais, integrando conservação e geração de renda.

Já o Produtor Sustentável, com recursos do Fehidro, restaura APPs, nascentes e matas ciliares em microbacias de abastecimento, com apoio técnico e capacitação via Senar e Sebrae.

Para Bastos, a preservação dos recursos naturais deixou de ser um diferencial e passou a ser obrigação. “Quem não trata bem o solo e a água, não produz com eficiência. É o próprio produtor quem mais ganha com práticas conservacionistas”, afirma.

Agro paulista: avanços e exigências crescentes

Com os melhores índices de áreas restauradas do país e políticas públicas como Pagamento por Serviços Ambientais e mercado voluntário de carbono, São Paulo avança na sustentabilidade. Além disso, o estado investe em bem-estar animal e remuneração digna, exigindo profissionais mais qualificados e tecnificação no campo.

“O que antes era apenas lei agora virou exigência do mercado”, observa Bastos. A agropecuária paulista caminha para atender não só os marcos legais, mas também as expectativas sociais e ambientais dos consumidores.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Ciência do Leite

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