A produção global de leite deve crescer cerca de 1,8 % ao ano até 2034, mas diversos desafios colocam em risco esse abastecimento global de leite.
A mais recente OECD‑FAO Agricultural Outlook 2025–2034 projeta que a produção mundial de leite crescerá em média 1,8 % ao ano, atingindo cerca de 1.146 Mt em peso seco até 2034, impulsionada principalmente por ganhos de produtividade e aumento de rebanhos nos países em desenvolvimento.
📊 Panorama global por região
- Índia e Paquistão deverão responder por mais da metade do crescimento global, com produção crescendo a taxas de 3,6 % ao ano para a Índia e 3,0 % para o Paquistão entre 2025 e 2034.
- União Europeia apresenta perspectiva de produção estável ou ligeiramente em queda, devido a limitações ambientais, redução do número de vacas e regulamentações rígidas em países como Alemanha, Holanda e Dinamarca.
- América do Norte (EUA e Canadá) terá crescimento modesto, estimado em 0,8 % ao ano, via aumento de produtividade mais do que expansão de rebanho.
- Nova Zelândia, embora represente apenas ~2 % da produção mundial, continua como grande exportadora. A previsão de crescimento é de 0,9 % ao ano até 2034, limitada por terras disponíveis e regras ambientais.
- América Latina, especialmente Argentina e Brasil, registra recuperação desde fim de 2024. A produção regional cresceu 7,2 % em março de 2025, mas projeções mais conservadoras indicam crescimento médio de 1,0 % ao ano até 2034.
- África subsaariana e Sudeste Asiático apresentam potencial de forte expansão de rebanho e produção, contribuindo ao aumento global ainda que partindo de bases baixas.
⚠️ Limites e riscos ao abastecimento
- Apesar do crescimento projetado, a escassez global pode atingir até 30 milhões de toneladas até 2030, segundo alerta da International Dairy Federation.
- Escassez de mão de obra, especialmente em países desenvolvidos, e falta de interesse das novas gerações nos sistemas de produção agrícola colocam risco ao setor lácteo.
- Regulamentações ambientais mais rígidas (zeragem de emissões, restrições de nitratos e carbono) podem limitar o crescimento, especialmente em regiões com maior pegada ambiental.
- Mudanças climáticas e eventos extremos — como secas na Austrália e excesso de chuvas no Reino Unido — têm reduzido produtividade e prejudicado safras.
- A projeção de produção global envolve aumento no número de animais: estima-se queda de até 8 % no total de vacas entre 2024 e 2035, com aumento de produtividade por vaca se tornando essencial para manter o abastecimento global de leite.
✅ Teremos leite suficiente?
Se as projeções se confirmarem, a oferta global deve acompanhar o crescimento da demanda — especialmente graças à produção acelerada em países emergentes.
No entanto, a margem é estreita: riscos climáticos, regulatórios e de mão de obra podem criar rupturas locais ou temporárias no abastecimento global de leite.
Além disso, o comércio internacional continuará sendo fundamental, já que apenas cerca de 7 % da produção mundial de leite é trade internacional, concentrada em powdered milk, queijo, manteiga e outros produtos processados.
Países como UE, EUA e Nova Zelândia permanecerão como principais exportadores, enquanto regiões com consumo interno crescente — como África, Sudeste Asiático e Oriente Médio — dependerão cada vez mais de importações.
🌍 Conclusão
A pergunta “Será suficiente o abastecimento global para alimentar o mundo?” tem resposta cautelosamente otimista: há potencial de atender à demanda global, mas sem folga.
Para garantir isso, será essencial investir em produtividade, sustentabilidade, políticas comerciais transparentes e adaptação ao clima e à regulamentação.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de seu Content Partner Fedeleche, Dairy Dimension e Farming Life