O leite A2A2 orgânico acaba de ser incorporado à linha de laticínios da Fazenda Malunga, no Distrito Federal.
Produzido por vacas com genótipo homozigoto A2A2, esse leite traz apenas a beta‑caseína A2, considerada de digestão mais suave. O leite A2A2 orgânico tem sido apontado como uma alternativa menos agressiva para consumidores com desconforto digestivo associado à variante A1.
Seleção genética e produção integral
A Malunga submeteu seu rebanho a testes de genotipagem para garantir que todas as fêmeas produtoras fossem A2A2, assegurando que o leite gerado contenha exclusivamente a beta‑caseína A2.
Segundo Joe Valle, fundador da fazenda, “o leite A2 apresenta uma composição proteica mais próxima do leite humano, o que facilita a digestão e é geralmente melhor aceito pelo organismo”.
A propriedade, localizada a cerca de 70 km de Brasília, mantém práticas orgânicas certificadas pelo Ministério da Agricultura, sem uso de hormônios, antibióticos ou defensivos sintéticos — tudo dentro de uma produção sustentável que já abastece cerca de 130 pontos de venda no DF, incluindo lojas próprias e empórios.
Benefícios da beta‑caseína A2
Estudos científicos indicam que a beta‑caseína A1, ao ser digerida, libera o peptídeo β-casomorfina‑7 (BCM‑7), que pode desencadear reações inflamatórias e desconfortos gastrointestinais em indivíduos suscetíveis.
Já a variante A2 não gera BCM‑7 — ou gera formas inativas como o BCM‑9 —, o que confere menor potencial inflamatório e favorece melhor tolerância.
Revisões como a publicada na revista Foods reforçam que a proteína A2 está associada a respostas digestivas mais favoráveis e menor potencial inflamatório em comparação à A1.
Mercado brasileiro em expansão
Embora ainda incipiente no Brasil — estimativas indicam que o leite A2 representa cerca de 1 % da receita do setor lácteo nacional — o segmento vem crescendo em razão da maior conscientização do consumidor e do aumento da sensibilidade ao desconforto digestivo associado à proteína do leite
O rebanho brasileiro, majoritariamente de raças zebuínas (Bos indicus), tende a apresentar alta frequência do alelo A2, o que coloca o país em posição privilegiada para expansão dessa cadeia.
Além disso, pesquisa com 462 consumidores indicou que 58,4 % não conheciam a distinção entre leite A1 e A2, e apenas 15,4 % já haviam consumido A2 — reforçando a necessidade de educação de mercado.
Derivados com a mesma proposta
A Fazenda Malunga também está produzindo iogurtes e queijos com composição proteica A2A2, mantendo rigor orgânico e genético.
Esses derivados são comercializados em feiras orgânicas, empórios e supermercados selecionados no Distrito Federal.
Sustentabilidade na raiz da produção
Com mais de 30 anos de experiência em agricultura orgânica, a Malunga se consolidou como referência no DF.
A agrônoma Clevane Ribeiro Pereira Valle destaca o esforço contínuo para conscientizar o consumidor sobre os orgânicos, bem como o investimento em métodos ecológicos — incluindo controle biológico de pragas e certificação rigorosa em toda a cadeia.
Conclusão
Ao lançar o leite A2A2 orgânico no Distrito Federal, a Fazenda Malunga reforça seu compromisso com inovação, saúde e sustentabilidade.
A iniciativa representa um diferencial competitivo no mercado lácteo, capaz de atrair consumidores com sensibilidade ao leite convencional — sem comprometer sabor, valor nutricional ou certificação orgânica.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Portal Comunique-se