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8 ago 2025
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Até o momento, não há previsão de desbloqueio nas vias de Boyacá.
Até o momento, não há previsão de desbloqueio nas vias de Boyacá.

Crise no leite na Colômbia: bloqueios colocam 500 mil litros em risco

A cadeia produtiva do leite na Colômbia vive dias de tensão máxima. Mais de 500 mil litros de leite na Colômbia estão ameaçados de perda por conta de bloqueios viários causados por uma greve de mineradores e camponeses no departamento de Boyacá — uma das regiões mais importantes para a produção leiteira do país.

A paralisação, iniciada recentemente, impede o transporte de leite cru para as usinas de processamento em Cundinamarca e outras localidades, colocando em xeque tanto a renda de milhares de famílias quanto o abastecimento de derivados lácteos nas prateleiras colombianas.

Com os tanques de resfriamento lotados e as vias interditadas, o risco de desperdício cresce a cada hora.

A situação lembra a grave crise vivida pelo Brasil em 2018 durante a greve dos caminhoneiros, quando, segundo a Embrapa, mais de 300 milhões de litros de leite foram descartados em poucos dias por impossibilidade de transporte.

Um alimento perecível, um setor em risco

O alerta veio diretamente da Asoleche (Associação Colombiana de Processadores de Leite), que emitiu um comunicado pedindo a liberação imediata da circulação dos caminhões de leite.

Para Ana María Gómez Montes, presidente executiva da entidade, “é fundamental garantir a livre mobilidade não apenas das pessoas, mas também de produtos básicos da cesta alimentar, como o leite, essencial à segurança nutricional do país”.

A entidade reforça que a coleta do leite deve ser tratada como serviço essencial.

O acúmulo de produto nos tanques de resfriamento já compromete a ordenha dos próximos dias, e o impacto social vai além da perda da matéria-prima: pequenos produtores que dependem exclusivamente da venda do leite estão sendo duramente afetados, aumentando o clima de tensão e instabilidade no campo.

Boyacá: a bacia leiteira que está no centro da crise

Responsável por aproximadamente 700 mil litros de leite cru por dia, a região de Boyacá é um dos motores da produção láctea colombiana.

Com o escoamento paralisado, a indústria começa a registrar prejuízos logísticos e operacionais, enquanto tenta recorrer a estoques ou fontes alternativas de suprimento.

Mas a substituição não é simples nem imediata — o que pode levar à escassez de derivados em grandes centros urbanos como Bogotá e Medellín, além da alta de preços ao consumidor final.

Um reflexo para o Brasil: e se fosse aqui?

A crise na Colômbia serve de alerta para o Brasil. O modelo de transporte rodoviário, altamente dependente de estradas e da coleta diária, é o mesmo. Regiões como o Sudoeste Mineiro, a Zona da Mata e o Oeste Catarinense seriam igualmente vulneráveis diante de um cenário semelhante.

A paralisação total da logística leiteira resultaria em:

  • Descarte diário de milhões de litros de leite cru por falta de refrigeração;
  • Suspensão de contratos entre indústrias e produtores;
  • Escassez de produtos como UHT, queijos e iogurtes nos supermercados;
  • Alta imediata nos preços para o consumidor final;
  • Risco à segurança alimentar de populações mais vulneráveis.

 

A experiência da paralisação dos caminhoneiros no Brasil, em 2018, escancarou a fragilidade logística da cadeia láctea nacional e mostrou a urgência de criar planos de contingência eficazes — algo que, até hoje, segue pendente.

Colômbia à beira de um colapso lácteo

Até o momento, não há previsão de desbloqueio nas vias de Boyacá. As lideranças dos movimentos grevistas seguem em negociação com o governo nacional, com pautas que incluem demandas por infraestrutura, legalização da mineração e melhorias nas condições de vida rural.

Mas enquanto o impasse persiste:

  • O leite perdido pode ultrapassar 1 milhão de litros nos próximos dias;
  • Indústrias consideram suspender contratos temporariamente;
  • O desabastecimento de lácteos já começa a preocupar o varejo colombiano;
  • A inflação alimentar tende a se agravar ainda mais.

 

“A única saída viável é o diálogo, mas com garantias de que o transporte de leite será liberado imediatamente”, reforça Ana María Gómez Montes. “Evitar que o leite se perca nas estradas é proteger o trabalho dos produtores camponeses e assegurar a alimentação de milhões de colombianos”.

Uma cadeia que não pode parar

O leite é mais que um produto: é o sustento de milhares de famílias, uma fonte essencial de proteína para milhões e um elo frágil dentro de uma cadeia que não admite pausas.

A crise na Colômbia expõe, mais uma vez, a urgência de políticas públicas que reconheçam o setor lácteo como estratégico para o desenvolvimento econômico e social da América Latina.

Seja em Bogotá ou em Belo Horizonte, a mensagem é clara: a cadeia do leite não pode parar.

 

*Adaptado para eDairyNews, com informações de CompreRural

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