O Sicredi está reforçando sua aposta no consórcio como ferramenta estratégica para o produtor de leite, oferecendo uma alternativa de financiamento de longo prazo com custo menor do que o crédito rural tradicional.
A proposta foi destaque na Agroleite 2025, em Castro (PR), evento promovido pela Cooperativa Castrolanda, que reuniu toda a cadeia leiteira para discutir tendências, tecnologias e financiamento.
Segundo Gustavo Freitas, diretor executivo de Segmentos, Crédito, CRM e Dados do Sicredi, o consórcio é indicado para investimentos que não precisam ser imediatos, mas que podem ser programados.
A taxa de administração gira em torno de 7%, bem abaixo dos juros de 15% ao ano praticados nas linhas convencionais do Plano Safra.
“É um patamar inicial muito alto, por isso temos incentivado o consórcio. Ainda é pouco usado no agro e merece mais atenção”, reforçou.
Crescimento expressivo nas vendas de consórcios
Entre julho de 2024 e junho de 2025, o Sicredi registrou R$ 3,7 bilhões em vendas de consórcios agrícolas, alta de 23% em relação ao mesmo período da safra anterior.
A modalidade vem conquistando espaço principalmente pela flexibilidade e pelo poder de negociação que oferece: o produtor pode antecipar a contemplação com lances — inclusive financiados — e aproveitar oportunidades de compra de máquinas e equipamentos com melhores preços.
Leila Grik, diretora executiva do Sicredi Campos Gerais e Grande Curitiba PR/SP, ressalta que a previsibilidade financeira é um diferencial para o produtor rural.
Com a contratação antecipada, é possível planejar aquisições como ordenhadeiras mecânicas, tanques de resfriamento, tratores, sistemas de automação, energia solar e seguros pecuários.
Plano Safra segue forte, mas com juros altos
Para necessidades imediatas, o Plano Safra 2025/26 continua sendo a principal fonte de recursos. Somente no primeiro dia da Agroleite, o Sicredi liberou mais de R$ 100 milhões em crédito rural para a região.
Os produtores de leite têm buscado, principalmente, tecnologias que aumentem a produtividade e a eficiência do manejo.
O banco cooperativo disponibilizou R$ 68 bilhões no Plano Safra, 10% acima do volume ofertado na temporada anterior, totalizando mais de 319 mil operações.
No entanto, a taxa de partida de 15% ao ano preocupa, pois eleva o risco de inadimplência.
“Mesmo com juros altos, ainda apostamos em crescimento, mas estamos atentos à capacidade de pagamento do produtor”, afirmou Freitas.
Tecnologia e rapidez na tomada de decisão
A região de Castro é considerada um polo de tecnologia na produção rural, e a Agroleite funciona como vitrine para soluções que vão da genética bovina à automação total de ordenhas.
Leila Grik alerta que o produtor interessado deve agir rápido: a cada safra, os recursos do Plano Safra se esgotam mais cedo.
“Se pretende contratar um financiamento, faça no início da safra para não perder a oportunidade”, recomendou.
Consórcio: um espaço a ser explorado pelo leite brasileiro
No setor leiteiro, onde o investimento em infraestrutura e tecnologia é constante, o consórcio se apresenta como alternativa eficiente para viabilizar aquisições sem comprometer tanto o fluxo de caixa.
Com custos administrativos mais baixos e a possibilidade de contemplação antecipada, tende a ganhar adesão à medida que os produtores buscam escapar dos juros elevados e manter a competitividade no mercado interno e externo.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Globo Rural