O leite de jumenta vem conquistando espaço no mercado mundial e agora dá passos importantes na Argentina.
A bebida, classificada como “alimento medicinal”, é especialmente indicada para crianças e idosos com Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) e já é produzida em escala industrial pela Equslac, empresa que planeja dobrar sua produção e conquistar mercados internacionais.
Fundada em 2021, durante a pandemia, pelos empresários Pablo Talano, Jorge Muract e Luis Losinno, a Equslac nasceu após Losinno — médico veterinário — conhecer de perto a produção de leite de jumenta na China.
Impressionado com o potencial do produto, ele trouxe a ideia para a Argentina e, junto aos sócios, iniciou um trabalho conjunto com universidades como a Nacional de Río Cuarto, La Pampa, La Plata e Villa María para desenvolver processos produtivos eficientes.
Com um investimento inicial de US$ 120 mil, a empresa montou sua própria planta industrial e formou um rebanho de 300 jumentas, produzindo hoje cerca de mil litros mensais.
O leite é vendido principalmente via e-commerce, além de pontos físicos especializados em produtos naturais e dietéticos.
Segundo Talano, a Equslac entra agora em sua segunda fase: expansão por meio de franquias, nas quais produtores parceiros seguirão os padrões de qualidade da marca, enviando toda a produção para a planta central. A meta é chegar a 2 mil litros por mês ainda este ano.
Para isso, a empresa busca novos investidores que se tornem sócios e viabilizem a ampliação da planta industrial.
O nicho é promissor, mas não concorre diretamente com o leite bovino. Na Argentina, um litro de leite de jumenta custa cerca de seis vezes mais que o de vaca, e na Europa pode atingir 45 euros.
O valor se justifica pelo seu uso médico e pelas propriedades nutricionais, com composição próxima ao leite materno e baixa quantidade de caseína, evitando reações alérgicas em pessoas com APLV.
Estima-se que a Argentina tenha cerca de 20 mil crianças com APLV. Considerando um consumo mínimo de um litro por dia durante 180 dias, o potencial de mercado é significativo.
O país conta com 250 mil jumentos em estado selvagem, quantidade mais que suficiente para atender toda a demanda potencial interna.
As perspectivas internacionais também são fortes. Na América do Sul, apenas uma empresa no Chile atua no mesmo segmento, e o leite de jumenta já aparece em algumas gôndolas de supermercados locais.
A Equslac já recebeu consultas de importadores da Colômbia e dos Estados Unidos e planeja entrar nessas praças assim que sua capacidade de produção for ampliada.
Outra aposta da empresa é o desenvolvimento do leite de jumenta liofilizado — versão em pó obtida por secagem a frio, que preserva as proteínas e propriedades do produto e facilita transporte e exportação.
Com faturamento anual de mais de 300 milhões de pesos argentinos (cerca de R$ 1,2 milhão), a Equslac mira um crescimento rápido, impulsionada por um produto diferenciado, demanda médica comprovada e oportunidades ainda pouco exploradas na região.
Seja no mercado interno ou externo, o leite de jumenta argentino desponta como uma alternativa nobre e de alto valor agregado no cenário lácteo global.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Forbes