ESPMEXENGBRAIND
14 ago 2025
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A queda no consumo fez a principal láctea da Argentina, Mastellone Hnos., registrar prejuízo de $869 milhões no 2º trimestre, após lucro no início do ano.
Na fábrica da Pascual Mastellone, mais de 1.500.000 sachês de leite fresco são engarrafados todos os dias, o principal produto da marca que tornou seu nome um costume nacional.

A queda no consumo impactou fortemente os resultados da Mastellone Hnos., líder do setor lácteo na Argentina.

No segundo trimestre de 2025, a companhia registrou um prejuízo líquido de 869 milhões de pesos, revertendo o lucro de 1,328 bilhão de pesos obtido nos três primeiros meses do ano.

Essa é a primeira vez que a empresa volta ao vermelho desde 2023, quando reportou um resultado líquido negativo de 13,189 bilhões de pesos, período ainda marcado pelos controles de preços.

De acordo com dados divulgados pela empresa e reportados pela imprensa argentina, o cenário para as companhias de bens de consumo mudou significativamente no último ano.

Se antes as margens eram pressionadas pelos controles de preços, hoje o desafio vem da desaceleração inflacionária iniciada no segundo semestre de 2024, combinada a um consumo que não apresenta sinais claros de recuperação.

Com um mercado menos elástico para repassar aumentos de custos, empresas como Mastellone enfrentam maiores dificuldades para sustentar margens.

Esse fenômeno afeta não apenas o setor lácteo: a Molinos Río de la Plata, principal indústria alimentícia do país, também anunciou nesta semana prejuízo de quase 20 bilhões de pesos no mesmo período.

Conflito societário em andamento

O momento desafiador da Mastellone Hnos. é agravado por um impasse societário. Em abril de 2025, a companhia recebeu uma proposta de aquisição de 100% de seu capital feita pela Arcor, em parceria com a Bagley Argentina e a Bagley Latinoamérica.

A Arcor, controlada pela família Pagani, já detém 49% das ações da Mastellone, participação adquirida há aproximadamente dez anos por US$ 140 milhões, após a assinatura de acordos estratégicos.

Segundo informações confirmadas pela própria empresa, a oferta foi rejeitada de forma definitiva pela controladora da marca La Serenísima. Sem consenso entre os sócios, analistas do setor preveem que o conflito pode se estender por mais tempo e até mesmo ser levado aos tribunais para resolução.

Situação do setor lácteo argentino

Os desafios enfrentados pela Mastellone Hnos. refletem um quadro mais amplo na indústria láctea da Argentina. Nos primeiros cinco meses de 2025, cerca de 90 fazendas leiteiras (tambos) encerraram as atividades, reduzindo o número total para 9.040 unidades em operação.

Essa redução contribui para um cenário de maior concentração da produção em um número menor de produtores, o que, segundo especialistas, pode ter impactos de longo prazo na competitividade e na diversidade do setor.

Apesar desse fechamento de unidades, há sinais mistos na produção. Em maio de 2025, houve 5% menos fazendas ativas em comparação ao mesmo mês de 2024, mas, curiosamente, o número de vacas em produção cresceu 5,5%.

Isso indica uma possível recuperação de volume a partir de ganhos de produtividade e maior escala nos estabelecimentos que permaneceram no mercado.

Perspectivas

Para o restante de 2025, a recuperação do consumo interno será um fator decisivo para o desempenho financeiro da Mastellone e de todo o setor lácteo.

No entanto, especialistas alertam que, mesmo com uma eventual melhora na demanda, a capacidade de repassar custos continuará limitada por um mercado que ainda sente os efeitos da queda do poder de compra.

Além disso, o desfecho do conflito societário com a Arcor poderá definir o rumo estratégico da empresa nos próximos anos. Caso não haja acordo, o prolongamento da disputa poderá criar incertezas para fornecedores, distribuidores e até consumidores.

A Mastellone Hnos., proprietária de marcas icônicas como La Serenísima, segue sendo uma referência no setor, mas enfrenta um contexto que exige ajustes operacionais, prudência financeira e um olhar atento às mudanças no comportamento do consumidor argentino.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de El Cronista

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