O mercado de sorvetes no Brasil segue em trajetória de expansão, impulsionado por temperaturas mais elevadas e por uma crescente diversificação de produtos.
De acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS), da Associação Brasileira das Sorveterias (Abrasorvete), da Euromonitor e da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA), o setor movimenta cifras bilionárias e atrai cada vez mais consumidores.
Em 2022, o consumo nacional ultrapassou 1 bilhão de litros de sorvete, resultando em um faturamento superior a R$ 14 bilhões. Já em 2023, o volume de vendas alcançou 438 milhões de litros, com picos de crescimento de até 22% em determinados períodos do ano.
Especialistas atribuem esse avanço principalmente às ondas de calor registradas em várias regiões e ao lançamento de produtos inovadores.
Entre os líderes do segmento, permanecem Kibon, marca controlada pela Unilever, e Froneri Brasil, joint venture formada pela Nestlé e pela R&R.
Ambas detêm participação expressiva das vendas em diferentes canais, desde supermercados e padarias até pontos de venda especializados.
Um aspecto que chama atenção no mercado brasileiro é a ausência de empresas dedicadas exclusivamente à produção de sorvetes listadas na B3, a bolsa de valores do país.
As marcas de maior relevância são, em sua maioria, controladas por grupos globais com capital negociado em bolsas internacionais.
Inovação e diversificação como motores de crescimento
O dinamismo do setor é sustentado por um portfólio cada vez mais variado, que inclui novos formatos, ingredientes diferenciados e opções que combinam indulgência e apelo saudável.
Sorvetes premium, versões com menos açúcar, produtos à base de proteínas vegetais e sabores sazonais vêm conquistando consumidores que buscam experiências únicas.
Esse movimento beneficia não apenas as grandes companhias, mas também abre espaço para produtores regionais e artesanais.
No entanto, para esses pequenos e médios fabricantes, a oportunidade vem acompanhada de desafios: competir com a escala, o marketing e a distribuição robusta das grandes marcas exige estratégias diferenciadas e posicionamento de nicho.
Tendências e comportamento do consumidor
De acordo com a Euromonitor, o consumo de sorvetes no Brasil vem deixando de ser estritamente sazonal. Embora o verão continue sendo o período de maior demanda, a oferta de produtos mais sofisticados e embalagens práticas tem estimulado a compra ao longo de todo o ano.
As ondas de calor, cada vez mais frequentes devido às mudanças climáticas, também desempenham papel relevante na aceleração das vendas.
Esse cenário vem acompanhado de campanhas publicitárias que reforçam a associação entre o consumo de sorvete e momentos de prazer, conveniência e refrescância.
O setor de alimentação fora do lar — que inclui lanchonetes, cafeterias e sorveterias — tem aproveitado o aumento da demanda para ampliar cardápios e criar combinações com outros produtos, como cafés, bolos e sobremesas congeladas.
Perspectivas
Analistas apontam que o mercado de sorvetes no Brasil deve continuar crescendo nos próximos anos, sustentado por três pilares: inovação constante, adaptação às preferências do consumidor e ampliação da capilaridade de distribuição.
Além disso, há espaço para expansão em categorias como sorvetes funcionais, indulgentes e veganos.
Para os produtores artesanais, a diferenciação por meio de sabores exclusivos, origem controlada dos ingredientes e experiência de compra personalizada pode ser um caminho para conquistar um público fiel, disposto a pagar mais por qualidade.
Em um cenário de temperaturas elevadas e consumidores cada vez mais abertos a novas experiências, o sorvete se consolida não apenas como um produto de verão, mas como uma indulgência que atravessa todas as estações.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Surgiu