ESPMEXENGBRAIND
18 ago 2025
ESPMEXENGBRAIND
18 ago 2025
No Paraná, a ordenha robotizada elevou a produção de leite e garantiu mais autonomia, eficiência e bem-estar para a família produtora.
Paulo Steffens, da Granja Kasper Steffens: “A tecnologia entrou na granja não para substituir o produtor, mas para devolver a ele tempo, saúde e poder de escolha” - Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural. ordenha
Paulo Steffens, da Granja Kasper Steffens: “A tecnologia entrou na granja não para substituir o produtor, mas para devolver a ele tempo, saúde e poder de escolha” - Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

A ordenha robotizada se tornou uma realidade na Granja Kasper Steffens, localizada na Linha São Jerônimo, interior de Quatro Pontes (PR).

A família Steffens decidiu apostar na tecnologia como forma de equilibrar produção, rentabilidade e qualidade de vida — e os resultados confirmam que a escolha foi acertada.

Durante décadas, famílias rurais dedicavam-se a uma rotina exaustiva, acordando antes do amanhecer para cumprir o ritual da ordenha.

Denise Steffens lembra que, por anos, foi a principal responsável pela tarefa. “Antes, começávamos a ordenhar às 5 horas da manhã, todos os dias, com chuva ou sol, feriado ou visita. Hoje temos mais autonomia e, principalmente, mais bem-estar”, relata.

O casal Paulo e Denise iniciou a atividade leiteira com 15 vacas da raça holandesa, produzindo em média 350 litros por dia. Aos poucos, a produção aumentou, chegando a 1.200 litros/dia com 45 vacas em lactação.

Mas o sistema de ordenha mecânica começou a mostrar limitações, tanto pelo desgaste físico como pela lentidão do processo.

Diante da necessidade de expandir, a família cogitou reformar a sala de ordenha convencional, o que exigiria entre R$ 400 mil e R$ 500 mil em obras, além de contratação de mão de obra permanente.

O custo total, em dez anos, ultrapassaria R$ 1,2 milhão. A pandemia de Covid-19, que trouxe falta de materiais e atrasos de construção, reforçou a dificuldade de seguir por esse caminho.

Nesse contexto, a ordenha robotizada entrou em cena. A família já conhecia o sistema desde 2016, quando visitou propriedades em Castro (PR), mas até então parecia distante.

Ao comparar valores, perceberam que o investimento seria semelhante ao da reforma. “Optar pelo robô significava modernizar e resolver, de forma definitiva, a dependência de mão de obra e o desgaste da ordenha tradicional”, explica Paulo Steffens.

O robô foi instalado em outubro de 2021. A adaptação não foi simples: nos primeiros 30 dias, a família chegou a dormir no estábulo para conduzir as vacas ao equipamento.

Mas o esforço valeu a pena. Hoje, os animais têm liberdade para escolher quando se ordenhar, comer ou descansar. A média de ordenhas é de três por dia, com algumas vacas chegando a cinco.

Os resultados foram expressivos. Antes, a média por vaca era de 28 litros diários. Agora, varia entre 41 e 43 litros, sem aumento significativo no consumo de ração.

A alimentação também se tornou mais eficiente: cada vaca recebe a quantidade exata de acordo com seu nível de produção, reduzindo desperdícios e melhorando o desempenho.

Além do ganho produtivo, a ordenha robotizada trouxe qualidade de vida para a família. O trabalho pesado foi substituído por monitoramento inteligente e decisões baseadas em dados.

Cada membro assumiu funções específicas: Eduarda cuida das bezerras e indicadores sanitários, Giovane das novilhas, Denise do robô e relatórios, e Paulo da gestão geral.

Outro benefício destacado é o controle em tempo real da saúde do rebanho. O sistema monitora ruminação, detecta cio e alerta para casos iniciais de mastite. Isso possibilita intervenções rápidas e maior eficiência sanitária e reprodutiva.

Na gestão financeira, a propriedade passou a operar como uma empresa rural, com registros detalhados de custos e acompanhamento técnico quinzenal. Esse controle permite avaliar investimentos e sustentar o crescimento com segurança.

O bem-estar animal também foi priorizado: além da ordenha automatizada, a propriedade possui robô para empurrar alimento, escova rotativa e sistema compost barn, que garante conforto térmico e higiene.

Para os filhos, a modernização tornou a atividade mais atraente. Eduarda, formada em Gestão do Agronegócio, embarcou para intercâmbio na Austrália para aprofundar a experiência com ordenha robotizada.

Giovane, ainda estudante, também se envolve no manejo e na lida. “Nossos filhos ficam porque veem futuro”, afirma Paulo.

A Granja Kasper Steffens foi pioneira na região na adoção do sistema. “A tecnologia entrou não para substituir o produtor, mas para devolver tempo, saúde e poder de escolha”, resume Paulo.

O exemplo da família inspira outros produtores a acreditar que produtividade, gestão e qualidade de vida podem caminhar juntas no campo.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de O Presente Rural

Te puede interesar

Notas Relacionadas