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21 ago 2025
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Tarifas de Trump colocam em risco US$1,3 bi em exportações lácteas da Nova Zelândia aos EUA, afetando caseína, soro e fórmula infantil.
DCANZ executive director Kimberly Crewther. tarifas
DCANZ executive director Kimberly Crewther.

As tarifas de Trump estão colocando em risco cerca de US$ 1,3 bilhão em exportações lácteas da Nova Zelândia para os Estados Unidos, segundo alerta a Dairy Companies Association of New Zealand (DCANZ).

Kimberly Crewther, diretora executiva da entidade, afirmou ao Dairy News que a forma como as tarifas foram aplicadas coloca o país em significativa desvantagem frente a outros exportadores.

“Estamos muito desapontados. O que vai acontecer é que as tarifas mais baixas aplicadas a outros países acabarão dando a eles uma vantagem expressiva sobre nós”, destacou Crewther.

Atualmente, os Estados Unidos representam cerca de 5% das exportações lácteas totais da Nova Zelândia, sendo o principal destino para caseína e produtos de soro de leite, com participação de 32%, à frente da China (24%).

O impacto mais severo recai sobre o concentrado proteico de soro de leite, que agora enfrenta uma tarifa adicional de 15% imposta pelo governo Trump, somada à tarifa já existente no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Enquanto isso, concorrentes como o Canadá continuam exportando para os EUA com isenção tarifária, o que aumenta a pressão sobre os produtos neozelandeses.

Crewther também manifestou preocupação de que o Canadá possa enviar produtos lácteos a preços artificialmente baixos, aprofundando a desvantagem da Nova Zelândia nesse mercado.

Além disso, a exportação de manteiga – que representa cerca de 5% das vendas ao mercado americano – e a de fórmula infantil estão igualmente ameaçadas.

“A nossa fórmula infantil enfrentará tarifas de até 32%, em comparação aos 17% aplicados à União Europeia (UE), e há indícios de que os EUA podem impor outras restrições sob a justificativa de proteger os consumidores”, afirmou Crewther.

A situação é agravada pelo tratamento desigual dado a outros parceiros comerciais. Enquanto a Nova Zelândia recebeu uma tarifa de 15% somada às já existentes, a UE terá um teto de 15%, independentemente de tarifas anteriores. A Austrália, por possuir um acordo de livre comércio com os EUA, pagará apenas um adicional de 10%.

Diante desse cenário, ainda há incertezas sobre quem arcará com o custo extra: consumidores, importadores ou as próprias empresas. “Isso será uma negociação comercial”, disse Crewther.

Apesar do desafio, a executiva ressalta que os lácteos da Nova Zelândia possuem forte reputação no mercado norte-americano por sua qualidade e funcionalidade. No entanto, o fator preço pode alterar significativamente a competitividade.

O governo neozelandês reagiu rapidamente, enviando seu principal negociador comercial, Vangelis Vitalis, a Washington para avaliar a situação. O ministro do Comércio, Todd McClay, também planeja viajar em breve para tratar do tema.

Ainda assim, as chances de uma reversão imediata parecem remotas. Em artigo recente no New York Times, o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, afirmou que o sistema da OMC estaria prejudicando a economia americana e declarou que as tarifas atuais fazem parte de uma nova fase comercial apelidada de “Trump Round”.

A justificativa de Washington para aplicar 15% à Nova Zelândia foi o atual desequilíbrio comercial entre os dois países, enquanto outras nações do Sudeste Asiático, como Vietnã, sofreram tarifas de até 19%.

Ainda que Wellington proteste, há cautela: experiências anteriores, como a da Suíça, que viu suas tarifas saltarem de 31% para 39% após tensões diplomáticas, reforçam a necessidade de uma abordagem prudente.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de RNG

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