O custo de produção do leite no Brasil registrou nova pressão em julho, com aumento de 0,7% em relação ao mês anterior, segundo o Índice de Custo de Produção de Leite (ICPLeite), calculado pela Embrapa Gado de Leite.
Esse movimento ocorreu após um trimestre de relativa estabilidade nos preços dos insumos.
De acordo com os pesquisadores da instituição, o acumulado dos sete primeiros meses de 2025 já soma uma inflação de custos de 4,6%. No período de 12 meses encerrados em julho, a variação acumulada chegou a 8,6%, mantendo-se em um patamar considerado elevado e desafiador para os produtores.
Alimentação concentrada puxa alta mensal
O grupo Concentrado foi o principal responsável pelo avanço de julho, com elevação de 2,8% nos preços. Dentro desse conjunto, a ração para vacas leiteiras foi o item que mais pesou no orçamento. O grupo Sanidade e reprodução também teve variação acima da inflação média de custos no mês.
Na contramão, os itens que compõem os grupos Volumosos e Minerais apresentaram queda nos preços. Segundo a Embrapa, essa redução está ligada à valorização do real frente ao dólar nos últimos dois meses, que reduziu o peso dos insumos importados. Já os grupos Mão de obra e Qualidade do leite permaneceram estáveis, sem variação em julho.
Acumulado em 2025: cinco grupos em alta
No acumulado de janeiro a julho, o ICPLeite/Embrapa mostra que cinco dos sete grupos de custos apresentaram aumento. Destaque para Minerais e Energia e combustível, que chegaram a registrar variação de dois dígitos.
Ainda conforme os dados da Embrapa, os grupos Qualidade do leite e Mão de obra também tiveram elevação de custos superior ao dobro da inflação média medida pelo ICPLeite. Por outro lado, Concentrado e Volumosos, que formam a base da alimentação do rebanho, ajudaram a reduzir a pressão dos custos totais ao apresentarem variações mais baixas.
Variação em 12 meses segue alta
O acumulado dos 12 meses terminados em julho mostra que três grupos foram determinantes para a elevação geral de 8,6% nos custos: Minerais, Mão de obra e Energia e combustível, todos com aumentos acima de 10%.
O grupo Concentrado, com variação de 8,9%, ficou alinhado à inflação média dos custos no período. Em contrapartida, Sanidade e reprodução, Volumosos e Qualidade do leite contribuíram para reduzir o índice acumulado.
Tendência de custos mais elevados
Segundo os gráficos divulgados pela Embrapa, 2024 foi marcado por uma aceleração contínua no aumento dos custos de produção do leite. Já em 2025, essa tendência perdeu intensidade, mas os valores se mantêm em um patamar mais elevado, pressionando a rentabilidade do setor.
Para os pesquisadores da instituição, os resultados reforçam a necessidade de gestão rigorosa de custos por parte dos produtores, especialmente diante da volatilidade cambial e da dependência de insumos importados, que podem alterar rapidamente os preços da ração, dos minerais e de outros componentes essenciais da dieta do rebanho.
O ICPLeite/Embrapa é considerado uma das principais referências para medir o impacto dos custos de produção no setor lácteo nacional.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de ICPLeite_julho_2025.pdf