As importações lácteas da China registraram um aumento de 6% em volume nos primeiros sete meses do ano, segundo os dados mais recentes do setor.
Esse crescimento confirma o papel estratégico do país asiático como um dos principais motores da demanda global por lácteos.
No entanto, o avanço não foi uniforme: enquanto manteiga e queijo puxaram a alta, categorias tradicionais como leite em pó e leite UHT perderam ritmo, reflexo de mudanças estruturais na produção e no consumo interno.
De acordo com os números divulgados, a manteiga teve um salto impressionante de 72,6% nas importações, acompanhada por um aumento de 12,7% na demanda por creme de leite.
Essa tendência beneficia especialmente exportadores da Oceania, como a Nova Zelândia, e países europeus, entre eles França e Itália, que têm visto um incremento expressivo em seus embarques para a China.
No segmento de queijos, as compras chinesas cresceram 14,5%, com destaque para os produtos italianos, que vêm ganhando cada vez mais espaço nas gôndolas e no food service chinês.
Em contrapartida, o cenário é distinto para o leite em pó e o leite envasado, que apresentaram uma desaceleração nas compras.
Especialistas atribuem esse movimento a dois fatores centrais: o aumento da produção interna de leite na China, incentivado por políticas públicas voltadas para a autossuficiência, e uma demanda doméstica mais fraca para esses itens básicos.
Essa reconfiguração indica uma estratégia de importação mais seletiva, priorizando produtos de maior valor agregado e categorias que complementam — e não competem com — a produção nacional.
O valor das importações também apresentou crescimento expressivo. Em julho, houve um aumento de 13% em dólares, e no acumulado do ano, a alta chegou a 15,6%.
Esse avanço é resultado tanto do incremento no volume total quanto do aumento do preço médio por tonelada, reforçando a tendência de um mercado que busca qualidade e diferenciação, mesmo diante de um consumo doméstico que segue ajustando-se às novas dinâmicas econômicas e alimentares do país.
Para os exportadores globais, a notícia traz um misto de oportunidade e alerta.
O mercado chinês continua sendo vital para os lácteos internacionais, mas a segmentação crescente exige adaptação: o apetite chinês está cada vez mais voltado para produtos premium, ricos em gordura e com apelo gastronômico, enquanto commodities como leite em pó enfrentam mais barreiras competitivas.
Países da União Europeia e da Oceania seguem sendo os maiores beneficiados, enquanto outros players exportadores, como América do Sul e América do Norte, avaliam estratégias para não perder espaço.
Esse panorama também pode gerar impactos indiretos nos preços globais do leite e derivados, uma vez que a China dita grande parte do equilíbrio entre oferta e demanda internacional.
Caso essa tendência de valorização dos produtos premium se mantenha, é possível que novos investimentos em capacidade de produção e adaptação de portfólios sejam observados nos próximos meses, especialmente de indústrias que visam o mercado asiático como destino estratégico.
Em conclusão, o crescimento de 6% nas importações lácteas da China demonstra que o país mantém sua relevância no comércio internacional, mas com um perfil cada vez mais seletivo e orientado por valor.
Exportadores que entenderem esse movimento e ajustarem suas estratégias poderão não apenas preservar, mas também expandir sua participação nesse mercado-chave para o setor lácteo global.
*Adaptado para eDairyNews BR, com informações de eDairyNews ES