A inteligência artificial (IA) começa a ganhar espaço nas fábricas de laticínios, trazendo automação avançada para processos historicamente baseados em controles manuais e equipamentos convencionais.
Segundo análise publicada pela H2Ok Innovations, a indústria tem investido em manutenção preditiva e sistemas de visão, mas o chão de fábrica ainda opera de forma predominantemente reativa.
De acordo com a empresa, a aplicação de sensores avançados combinados com modelos de aprendizado de máquina (ML) permite monitorar a produção em tempo real, dentro de dutos e equipamentos, e realizar ajustes automáticos sem necessidade de intervenção constante dos operadores.
Cinco áreas em transformação
1. Limpeza Clean-in-Place (CIP) mais eficiente
Hoje, os ciclos de limpeza ainda seguem padrões fixos, dimensionados para o “pior cenário”, o que gera desperdício de água, energia e produtos químicos.
Com sensores mais precisos, é possível identificar diferentes líquidos durante o processo e ajustar automaticamente o tempo de lavagem, mantendo a conformidade com padrões de qualidade e reduzindo custos operacionais.
2. Trocas de produto mais precisas
Em linhas que produzem leite saborizado e sorvetes, cada troca de sabor representa perda de produto. Tecnologias baseadas em sensores espectrais permitem diferenciar pequenas variações entre lotes — por exemplo, entre chocolate e morango —, minimizando desperdícios e acelerando a produção.
3. Detecção precoce de falhas
Um dos problemas relatados por gestores de plantas é o vazamento de creme nos sistemas de glicol, que pode levar à paralisação de linhas inteiras. Sensores integrados a sistemas inteligentes podem identificar contaminações antes que causem danos maiores, disparando alarmes ou ajustando fluxos automaticamente.
4. Controle automático de gordura no leite
Por décadas, fabricantes adicionaram gordura em excesso para evitar não conformidades, prática que reduz a margem de lucro. Sistemas de monitoramento em tempo real permitem ajustes automáticos, mantendo o teor de gordura dentro da especificação desejada.
5. Tratamento de efluentes sob maior controle
O setor de laticínios enfrenta pressões regulatórias para atender métricas de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio (DQO), sólidos e gorduras. A automação desses processos, com sensores em diferentes etapas, ajuda a garantir conformidade ambiental e a reduzir custos com reagentes.
Um setor em transição
A adoção dessas tecnologias sinaliza uma mudança gradual no perfil das fábricas de laticínios, que buscam operar de forma mais enxuta, sustentável e previsível. Embora a expertise dos profissionais continue essencial, a tendência é que tarefas repetitivas ou baseadas em estimativas sejam cada vez mais automatizadas.
Especialistas do setor veem essa evolução como parte de um movimento mais amplo de digitalização industrial, no qual os laticínios buscam acompanhar os avanços já presentes em segmentos como logística e armazenamento.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Dairy Processing
