A Itália acendeu o alerta vermelho para um dos símbolos de sua gastronomia: os queijos duros usados na pizza e em pratos tradicionais.
O Ministério das Relações Exteriores italiano questiona a aplicação de tarifas de 30% sobre exportações de Parmigiano Reggiano e Grana Padano para os Estados Unidos, alegando que a cobrança é indevida e fere o acordo comercial firmado entre a União Europeia e Washington no final de julho.
Segundo comunicado oficial de Roma, algumas autoridades alfandegárias americanas, especialmente nos portos de Nova York e Nova Jersey, aplicaram tarifas acima do que havia sido pactuado.
O acordo UE-EUA, que entrou em vigor em 7 de agosto, previa uma tarifa única de 15% para a maioria dos produtos europeus, incluindo queijos. No entanto, produtores e exportadores italianos relataram ao Financial Times que a cobrança duplicada pode afetar até um terço das exportações de queijos duros italianos para o mercado norte-americano.
Reação diplomática e impacto econômico
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, declarou ao Financial Times que utilizará todos os meios diplomáticos disponíveis para defender a indústria de laticínios italiana.
“Buscaremos garantias quanto à correta implementação do acordo tarifário UE-EUA para proteger nossas exportações”, afirmou Tajani, destacando que a situação pode impactar um mercado avaliado em US$ 500 milhões anuais e 40 mil toneladas de queijo exportadas.
A cobrança acima do acordado tem preocupado especialmente os consórcios de proteção de denominação de origem. Nicola Bertinelli, presidente do Consórcio Parmigiano Reggiano, apontou que o problema pode ter origem em confusões operacionais.
Parte dos embarques antes era taxada por peso, e não por percentual sobre o valor, o que pode ter gerado interpretações divergentes na aplicação da nova regra.
Consequências para a cadeia láctea
O impacto dessas tarifas vai além das fronteiras italianas. Os queijos duros europeus têm forte presença no mercado norte-americano, não apenas no consumo doméstico, mas também como insumo para restaurantes, pizzarias e indústrias alimentícias.
Caso a situação persista, analistas acreditam que o consumidor nos EUA pode enfrentar preços mais altos e menor oferta, enquanto os produtores italianos terão que lidar com margens reduzidas e possível perda de participação de mercado.
De acordo com o Financial Times, até um terço das exportações de queijos duros italianos para os Estados Unidos pode ser comprometido caso a tarifa de 30% seja mantida. Isso inclui não apenas o tradicional Parmigiano Reggiano, mas também o Grana Padano, ambos fundamentais para a cadeia de exportação italiana.
Próximos passos
O governo italiano pressiona Washington para que respeite os termos da Declaração Conjunta UE-EUA, assinada no final de julho, e já iniciou tratativas com representantes do comércio exterior norte-americano.
A expectativa do setor é que as tarifas sejam revistas e ajustadas ao patamar acordado, evitando maiores prejuízos para a cadeia láctea.
Enquanto isso, exportadores permanecem cautelosos. Alguns lotes já desembarcados estão sendo revistos, enquanto novas remessas podem ser temporariamente suspensas até que haja clareza sobre a tributação aplicável.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Exame
