A terceira ordenha vem transformando a produção de leite no noroeste do Rio Grande do Sul, onde produtores como a família Bester alcançam mais de 6 mil litros por dia.
Essa técnica, adotada há mais de 15 anos na propriedade de Ajuricaba, tem impulsionado a produtividade média por vaca e melhorado a saúde do rebanho, segundo relataram os irmãos Guilherme, Daniel e Rogério Bester ao Canal Rural.
Investimento estratégico e tecnologia de manejo
De acordo com Rogério Bester, a adoção da terceira ordenha exigiu um autoinvestimento considerável, que inclui a construção de um galpão com sistema de cross ventilation. “O investimento não é barato. Ele demora a se pagar porque a gente tem muita oscilação de preço e não consegue controlar o quanto vai ganhar”, afirmou.
O sistema mantém as vacas em ambiente fechado com circulação de ar controlada, garantindo conforto térmico.
Além disso, o rebanho é monitorado por brincos eletrônicos: o laranja acompanha a nutrição e a reprodução, enquanto o amarelo mede a produtividade. Todos os dados são registrados em um aplicativo que auxilia na gestão e no bem-estar animal.
Como funciona a terceira ordenha
Tradicionalmente, propriedades leiteiras realizam duas ordenhas diárias, pela manhã e no final da tarde. Na fazenda Bester, o manejo é feito a cada oito horas — 5h30, 13h30 e 21h30 —, distribuindo a carga de leite ao longo do dia e reduzindo a pressão sobre o úbere.
“Entre ter o dobro de leite sendo carregado durante o dia no úbere, a escala de produção acaba sendo dividida em três partes. Não vai forçar os tetos, o esfíncter, o ligamento central”, explicou Guilherme Bester. Segundo ele, essa prática melhora a saúde mamária e permite que as vacas respondam melhor ao estímulo.
Resultados concretos e planos de expansão
No início da implementação, quando o sistema ainda era a pasto, a produção cresceu cerca de 5 litros por vaca. Após a adoção do confinamento, a média chegou a 46 litros por animal no rebanho total. Hoje, com cerca de 150 vacas em ordenha, a família planeja ampliar para 250.
“Enquanto muitos produtores pensam em reduzir a produção, nós queremos dobrar a capacidade. Já ultrapassamos os 6 mil litros por dia e seguimos com perspectivas de crescimento”, afirmou Daniel Bester.
Impactos e perspectivas para o setor gaúcho
O noroeste do Rio Grande do Sul é uma das principais regiões produtoras de leite do estado e vem observando um aumento gradual da adoção da terceira ordenha.
Apesar dos ganhos potenciais, especialistas reforçam que a técnica exige planejamento financeiro e manejo adequado, já que o investimento inicial pode ser elevado e o retorno depende de estabilidade no mercado de leite.
Segundo dados setoriais, práticas que aumentam a produtividade são estratégicas para manter a competitividade da pecuária leiteira no Brasil, especialmente diante da volatilidade de preços e da pressão por eficiência.
Conclusão
A experiência da família Bester demonstra que a terceira ordenha, embora desafiadora no início, pode trazer resultados consistentes e sustentáveis para produtores que buscam expandir sua capacidade de produção sem comprometer o bem-estar animal.
Com planejamento, tecnologia e gestão, essa prática pode se consolidar como uma ferramenta-chave para o futuro da produção leiteira no Rio Grande do Sul.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Canal Rural