A Lactalis, maior captadora de leite do Brasil e do mundo, anunciou um investimento de R$ 400 milhões para expandir suas operações no Rio Grande do Sul, conforme divulgado durante a 48ª Expointer.
O aporte será aplicado ao longo de três anos nas unidades de Ijuí, Santa Rosa, Teutônia e Três de Maio, com foco no aumento da produção de queijo e whey.
De acordo com a própria companhia, este novo investimento elevará para R$ 1 bilhão o total aplicado pela Lactalis no Estado nos últimos dez anos.
Com as reformas, a capacidade produtiva deverá subir de 304 mil toneladas em 2024 para 453 mil toneladas em 2028, representando um crescimento de cerca de 50%. O maior impacto será sentido na produção de queijo, que passará de 58 mil para 100 mil toneladas anuais, um avanço de 70%.
Para atingir essa meta, será necessário ampliar a captação de leite dos atuais 900 milhões de litros por ano para 1,3 bilhão de litros.
Hoje, a Lactalis conta com cerca de 5 mil fornecedores no Rio Grande do Sul, mas, segundo o CEO Roosevelt Júnior, a estratégia não está centrada em aumentar o número de parceiros, e sim em melhorar a produtividade e a qualidade das propriedades já existentes.
“Para aumentar a captação, o nosso grande ponto é a melhoria da produtividade nas fazendas. No nosso programa de aprimoramento, visitamos mais de 700 propriedades no Estado. E o nosso único objetivo é melhorar a produtividade.
Neste ano, estamos crescendo mais de 17% a produtividade por fazenda. Isso faz com que eu receba mais leite e que a propriedade também seja melhor remunerada, porque eu tenho um ganho de escala em cada propriedade”, destacou Roosevelt.
Esse investimento ocorre em um contexto desafiador para a cadeia leiteira gaúcha. Dados recentes da Emater-RS indicam que o número de produtores de leite no Estado caiu 12,3% em apenas dois anos, refletindo a pressão sobre a rentabilidade e a permanência da atividade no campo.
O CEO da Lactalis ressaltou que tornar a atividade viável para os produtores é essencial. “O produtor precisa aprender a fazer a conta para entender se é viável produzir.
Não adianta ele produzir um litro de leite a R$ 3, se vai vender a R$ 2,50. Precisamos aproximar o desempenho alcançado no Uruguai. Aqui, o custo de produção é de 20% a 25% maior. O que buscamos é essa melhora na produtividade com qualidade”, explicou.
O governador Eduardo Leite classificou a decisão da multinacional francesa como uma demonstração de confiança no futuro do Rio Grande do Sul:
“Depois do que nós sofremos, dos desafios que nós tivemos, é especialmente importante para todos nós essa renovação de confiança.
A gente tem dialogado muito com o setor de laticínios para poder criar as melhores condições também de competitividade, de produtividade.
E a gente vai estar ao lado para garantir que essa experiência desses investimentos seja também exitosa para a Lactalis, como foram os investimentos todos que tiveram no nosso Estado.”
O aporte da Lactalis não apenas fortalece a indústria de laticínios no Estado, mas também pode gerar efeitos indiretos na cadeia produtiva de leite, incentivando a adoção de tecnologias e práticas de gestão que melhorem a eficiência das fazendas.
A expectativa é que, com maior escala e ganhos de produtividade, os produtores tenham condições de enfrentar a atual crise e se tornarem mais competitivos frente a vizinhos como o Uruguai.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Jornal do Comércio