As tarifas sobre queijos importados nos Estados Unidos, que subiram no início de agosto, já estão transformando a cadeia de fornecimento do setor.
As novas taxas vão de 15% para a maioria dos países da União Europeia a mais de 35% sobre produtos canadenses e quase 40% para certos queijos suíços, segundo informações da Gourmet Foods International (GFI), distribuidora nacional de alimentos especiais.
Nos primeiros 60 dias após o anúncio das tarifas, a GFI conseguiu proteger clientes ao absorver parte dos custos em parceria com fornecedores.
Isso deu tempo a varejistas e restaurantes para se adaptarem, evitando repasses imediatos aos consumidores. Mas essa “trégua” terminou, conforme explicou Brewster McCall, vice-presidente de desenvolvimento de marca da GFI.
Impacto desigual entre variedades
O impacto das tarifas não é uniforme. Queijos frescos como o Brie, por exemplo, tiveram leve alívio por substituírem tarifas empilhadas anteriores. Já variedades como o Gouda quase não mudaram de preço, enquanto os suíços – especialmente Gruyère e Emmentaler – enfrentam as tarifas mais pesadas, chegando a 39%.
A GFI mantém parte do controle dos custos importando diretamente, armazenando os produtos em armazéns próprios e reduzindo intermediários.
Segundo McCall, cada elo a menos na cadeia reduz a margem de aumento que chega ao consumidor: “Quando cinco agentes precisam repassar custos, é diferente de quando apenas dois estão envolvidos”, afirmou.
Limitações e riscos na cadeia
Mesmo com essas estratégias, a flexibilidade é limitada. Queijos são perecíveis e não podem ser estocados por longos períodos sem custos adicionais de refrigeração.
Variedades de vida útil mais longa, como Gouda e Cheddar, oferecem alguma margem, mas o espaço refrigerado é caro e restrito.
Se grandes varejistas resistirem a aumentos, o efeito pode repercutir em toda a cadeia: menor demanda, fretes mais caros por item e redução na variedade disponível no mercado.
Perspectivas para o setor
Apesar das dificuldades, McCall lembra que a indústria já superou crises anteriores, incluindo a pandemia. “Sobrevivemos à COVID.
Melhoramos nossa capacidade de pensar rápido e resolver problemas”, disse. Para ele, a forma como as empresas enfrentam desafios molda seu futuro.
No curto prazo, os consumidores americanos ainda podem não perceber totalmente os aumentos no balcão de queijos, mas a tendência é de encurtamento da margem de absorção.
A GFI continuará apostando em importação direta, relacionamentos sólidos com fornecedores e gestão cuidadosa de custos para atravessar os próximos meses.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Dairy Processing