Produtos lácteos do Maranhão foram destaque em debate técnico durante a Exposição Agropecuária do Maranhão (Expoema), com foco no potencial de expansão para o mercado internacional.
O painel foi promovido pelo Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado do Maranhão (Fundepec), em parceria com o Observatório da Indústria do Maranhão, vinculado à Federação das Indústrias do Maranhão (Fiema).
Segundo o coordenador do Observatório, Carlos Jorge Taborda, a agroindustrialização é uma das chaves para fortalecer a cadeia leiteira maranhense.
Ele destacou que, embora o estado enfrente limitações estruturais, os produtos locais — entre eles queijo, manteiga e iogurte com selo de inspeção federal (SIF) — apresentam qualidade suficiente para disputar espaço no comércio exterior.
“Um ponto central do debate foi a possibilidade de expansão para novos mercados, especialmente o comércio exterior.
Os produtos lácteos do Maranhão apresentam qualidade suficiente para serem exportados. Essa alternativa surge como uma oportunidade para superar as limitações do mercado interno, onde produtores reclamam dos preços pagos pelos distribuidores”, afirmou Taborda.
Desafios da produção
Entre os obstáculos enfrentados pelos laticínios maranhenses estão a intermitência na oferta de leite e a dificuldade em manter a produção constante ao longo do ano. Essas limitações têm impacto direto sobre a competitividade da indústria local e demandam investimentos em tecnologia, manejo e infraestrutura.
Apesar do cenário desafiador, a busca por novos mercados é vista como uma estratégia para diversificar a receita e reduzir a dependência do consumo interno, frequentemente afetado por oscilações de preços.
Produção no Maranhão
Em 2023, o Maranhão produziu 420 milhões de litros de leite, volume que corresponde a 1,2% da produção nacional, segundo dados apresentados no evento. Os maiores produtores do país seguem sendo Minas Gerais (9,4 bilhões de litros), Paraná (4,5 bilhões) e Rio Grande do Sul (4,1 bilhões).
No cenário nordestino, o Maranhão ocupa a 6ª posição, ficando atrás de Pernambuco, Bahia, Ceará, Alagoas e Sergipe. A produção regional totalizou 6,2 bilhões de litros em 2023, mostrando o peso do Nordeste no mapa leiteiro brasileiro.
As cidades de Açailândia, Porto Franco, Amarante do Maranhão, São João do Paraíso e Itinga do Maranhão se destacam como os principais polos de produção no estado.
Outro ponto relevante é o tamanho do rebanho: o Maranhão possui o segundo maior efetivo bovino do Nordeste, atrás apenas da Bahia. Contudo, apenas 6,28% dos animais correspondem a vacas ordenhadas, o menor percentual da região. Isso mostra um potencial ainda pouco explorado para ampliar a produção.
Apesar de avanços na produtividade, o estado ocupa a 26ª posição nacional, superando apenas o Amazonas, o que reforça a necessidade de políticas públicas e investimentos privados para elevar sua competitividade.
Integração produção-indústria
Durante o painel, Taborda ressaltou a importância da integração entre produção e indústria, condição fundamental para ampliar o mercado e garantir que os produtores sejam mais bem remunerados. Essa cooperação pode abrir caminho para o fortalecimento da cadeia, permitindo que o estado agregue valor à produção e conquiste novos consumidores.
O evento também contou com a participação de Leonilson Serrão Araújo, superintendente de Planejamento de Políticas de Desenvolvimento Rural da Sagrima, que abordou a realidade da produção leiteira nas regiões Tocantina, Sertão, Médio Mearim e Baixada.
Já Cássio Camargos, médico veterinário e especialista da Educapoint, tratou das tendências e oportunidades de mercado para a produção e industrialização do leite maranhense, considerando a atual conjuntura política e econômica mundial.
Exportação como alternativa
A discussão durante a Expoema reforçou que a exportação de lácteos pode ser uma saída estratégica para reduzir a vulnerabilidade dos produtores locais. Com certificação e qualidade já reconhecidas, os produtos do Maranhão têm condições de atender mercados internacionais exigentes e agregar valor à cadeia produtiva.
Para os representantes do setor, o desafio agora é estruturar políticas de incentivo, ampliar investimentos em tecnologia e fortalecer a organização dos produtores, de modo a garantir oferta estável e competitividade frente a outros estados e países.
Com esse horizonte, os lácteos maranhenses podem conquistar espaço além das fronteiras brasileiras e se tornar um vetor de desenvolvimento econômico para o estado.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Maranhão Hoje