ESPMEXENGBRAIND
15 set 2025
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Do atraso econômico aos lucros bilionários com leite — agro eficiente, sustentável e sem subsídios que o Brasil poderia copiar
Nova Zelândia mostra ao Brasil como o leite pode gerar prosperidade 🌍
Nova Zelândia mostra ao Brasil como o leite pode gerar prosperidade 🌍

A Nova Zelândia transformou o leite em motor de prosperidade ao eliminar subsídios, investir em cooperativas fortes e apostar em eficiência e sustentabilidade.

Durante décadas, a Nova Zelândia era um país pequeno e isolado no Pacífico Sul, com pouco mais de 4,5 milhões de habitantes e economia dependente de subsídios agrícolas.

O cenário mudou radicalmente nos anos 1980, quando uma série de reformas econômicas eliminou o protecionismo e obrigou os produtores rurais a se unirem em cooperativas modernas, criando um modelo que hoje é referência global.

Condições naturais ideais

Segundo registros históricos, a pecuária leiteira começou por volta de 1830, com a chegada de vacas e ovelhas trazidas por colonizadores britânicos. O clima ameno, com temperaturas médias entre 10 °C e 20 °C, e a chuva bem distribuída favoreceram o desenvolvimento de pastagens de alta qualidade, como o ryegrass.

O relevo suave facilitou o pastejo rotacionado, de baixo custo, enquanto a condição insular reduziu a presença de pragas e doenças, diminuindo a necessidade de medicamentos.

Essa combinação permitiu que o país construísse uma produção leiteira de qualidade superior, com menor carga sanitária e custos reduzidos.

A virada dos anos 1980

Até os anos 1980, a Nova Zelândia ainda sofria com uma economia fechada e pouco competitiva. O governo então implementou reformas profundas: cortou gastos públicos, eliminou os subsídios agrícolas e abriu totalmente a economia. A revista The Economist chegou a classificar o país como “a economia mais desregulamentada do mundo”.

Nesse ambiente de mercado livre, o setor de laticínios floresceu. Os produtores se organizaram em cooperativas, que ganharam escala e se modernizaram.

O nascimento da Fonterra

Dessa união surgiu a Fonterra, hoje a maior empresa láctea do planeta, responsável por 95% das exportações de leite e derivados do país. A cooperativa processa cerca de 22 bilhões de litros de leite por ano, movimentando mais de 20 bilhões de dólares neozelandeses.

O modelo garante que os 10,5 mil produtores sejam também sócios, com cotas proporcionais ao volume de leite entregue. Assim, compartilham tanto lucros quanto riscos, fortalecendo a governança democrática e evitando concentração de poder.

Eficiência e competitividade

A Nova Zelândia adotou um sistema de produção sazonal, com 95% dos partos concentrados na primavera, quando as pastagens estão mais nutritivas. As vacas passam em média 280 dias ao ar livre, o que reduz o uso de ração industrial. O custo de produção varia de 0,25 a 0,35 dólar por litro — menos da metade da média global.

Outro diferencial está na genética: vacas Jersey e Kiwi Cross apresentam maior teor de sólidos lácteos, alcançando 8,4% contra 6,6% em média no Brasil. Isso significa mais valor agregado e competitividade no mercado internacional.

Inclusão e renovação no campo

Um destaque é o sistema Sharemilking 50/50, no qual jovens produtores entram com vacas e trabalho, enquanto fazendeiros experientes oferecem terra e cotas. Os lucros são divididos igualmente, permitindo que novos profissionais acessem o setor. Hoje, cerca de 35% dos jovens começam sua carreira nesse modelo.

Sustentabilidade e inovação

A agricultura é responsável por 48% das emissões de gases de efeito estufa da Nova Zelândia. Para enfrentar esse desafio, o governo investe em soluções como o aditivo 3NOP, que reduz o metano sem impactar a produtividade. Entre as práticas obrigatórias estão o cercamento de nascentes, faixas de proteção e manejo rigoroso de efluentes.

Além disso, mais de 350 cientistas atuam em pesquisas para desenvolver novos ingredientes lácteos, fórmulas infantis e proteínas de valor agregado, consolidando o país como líder em inovação.

Vantagem comparativa: leite por carros

Em 2023, a Nova Zelândia exportou 12,4 bilhões de dólares em produtos lácteos e importou 5,2 bilhões em veículos, principalmente de marcas asiáticas. O dado ilustra o princípio da vantagem comparativa: o país se especializa no que faz melhor e usa o comércio internacional para suprir o restante.

Assim, mesmo sem produzir automóveis, tornou-se uma das populações mais motorizadas do planeta e, ao mesmo tempo, uma referência mundial em laticínios, sustentabilidade e qualidade de vida.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Click Petroleo e Gas

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