ESPMEXENGBRAIND
22 set 2025
ESPMEXENGBRAIND
22 set 2025
💼 Indústria de alimentos aposta em produtos proteicos em Minas e reforça tendência que vai além das academias.
💡 Consumo de alimentos proteicos cresce em Minas e atrai fortes investimentos de laticínios e marcas de suplementos.
💡 Consumo de alimentos proteicos cresce em Minas e atrai fortes investimentos de laticínios e marcas de suplementos.

A alta demanda por alimentos proteicos está movimentando fortemente a indústria de Minas Gerais e atraindo novos investimentos no setor lácteo e de suplementos.

O fenômeno, que vai muito além do público frequentador de academias, reflete uma busca crescente por saúde, bem-estar e longevidade, tendência que ganhou força especialmente após a pandemia.

De acordo com a consultoria internacional Grand View Research, o mercado global de whey protein deve alcançar US$ 14,3 bilhões até 2030, frente aos US$ 5,33 bilhões registrados em 2021 — uma expansão de 168,3%.

No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri), o setor de suplementos movimenta cerca de R$ 30 bilhões por ano. Quando a entidade foi fundada, em 2000, eram apenas 19 empresas; hoje já são mais de 860.

Esse crescimento acelerado vem atraindo investimentos de diferentes segmentos, em especial dos laticínios. A partir da proteína extraída do soro do leite — como a beta-lactoglobulina e a alfa-lactalbumina —, a indústria lança cada vez mais produtos: iogurtes, bebidas UHT, barrinhas, sobremesas e até cerveja.

Marcas de alimentos naturalmente proteicos também passaram a reforçar a quantidade de proteínas em seus rótulos, aproveitando o momento.

Em Belo Horizonte, por exemplo, o Supernosso criou setores exclusivos para itens proteicos. “O whey continua líder nas vendas, mas o perfil do consumidor mudou. Hoje atinge pessoas de diferentes idades interessadas em saúde, emagrecimento e estética”, afirma Tatiana Geraldo, gerente de marketing do grupo.

Um dos exemplos mais relevantes desse avanço é a instalação da fábrica da Bees-Bee Alimentos LTDA em Barbacena, na Zona da Mata. A empresa vai investir R$ 70 milhões em uma planta de 6.000 m² para produção de proteína isolada do soro de leite, com capacidade inicial de 800 mil litros por dia, podendo chegar a 2 milhões.

Segundo a analista do Sebrae, Simone Lopes, o mercado é impulsionado pela mudança no comportamento do consumidor. “As pessoas estão olhando para saúde e longevidade, principalmente depois da pandemia. Isso foi uma virada de chave”, avalia.

Para ela, há espaço inclusive para o food service, já que restaurantes e cafeterias começam a incluir opções proteicas em seus cardápios.

Outro fator que tem influenciado o setor é a popularização das chamadas canetas emagrecedoras. Usuários desses medicamentos precisam consumir maior quantidade de proteínas para evitar a perda de massa magra. “Se o corpo não encontra proteína, ele queima músculo em vez de gordura”, explica Guilherme Gama, CEO da Trevo Lácteos.

A companhia mineira, controlada pela alemã Ehrmann desde 2022, investiu R$ 100 milhões em novos produtos, como iogurtes em pouches e bebidas UHT.

A Porto Alegre também entrou nesse mercado, com bebidas proteicas nos sabores chocolate e baunilha, além de iogurtes. A marca prepara o lançamento de um whey UHT sabor café expresso. “Antes restrito a atletas, hoje atinge um público muito mais amplo”, afirma Anna Carneiro, gerente nacional de vendas.

Já a Alvoar Lácteos aposta na marca YoBem, com forte presença em Minas. A empresa cresceu 300% desde sua chegada ao estado e planeja lançar sobremesas proteicas em 2026.

Multinacionais também seguem de perto essa tendência. A Nestlé Brasil expandiu linhas como Nutren, Nescafé ProEnergy e Aveia com proteína. “O consumo de produtos proteicos deixou de ser restrito a atletas.

Hoje alcança idosos, mulheres na menopausa e pessoas que buscam qualidade de vida”, destaca Gisele Pavin, head de Nutrição, Saúde e Bem-Estar da companhia.

Além das bebidas, os alimentos sólidos também se destacam. A Bold Snacks, de Divinópolis, cresceu 63.000% desde 2018, com foco em barrinhas e wafers proteicos. “Adicionar proteína em alimentos antes ricos apenas em carboidratos e gordura é uma forma de reequilibrar a dieta”, explica Gabriel Ferreira, CEO da empresa.

Esse movimento inclui ainda produtos com proteína vegetal. A Belive, criada em 2015, lançou brownies e pão de mel feitos com proteína de soja e ervilha, atendendo ao público vegano ou intolerante à proteína do leite.

Enquanto isso, marcas como Mantiqueira Brasil e Seara reforçam a presença natural de proteínas em ovos e carnes. O objetivo é consolidar a percepção de que esses alimentos são ricos em nutrientes essenciais, sem necessidade de adição de whey.

Especialistas, no entanto, alertam para o consumo excessivo de ultraprocessados. Estudos da USP e Fiocruz relacionam a ingestão elevada desses alimentos ao risco de doenças e até morte precoce. “Muitos proteicos industrializados têm aditivos e adoçantes artificiais.

Devem ser usados de forma estratégica e eventual”, orienta a nutróloga Eliana Teixeira. Segundo ela, o ideal é priorizar ovos, peixes, carnes, queijos e leguminosas, que oferecem proteínas naturais e de alto valor nutricional.

O mercado de alimentos proteicos segue em forte expansão, com Minas Gerais no centro desse movimento. Entre investimentos em fábricas, lançamentos de produtos e estratégias de marketing, a tendência mostra que a proteína se consolidou como protagonista na indústria de alimentos e bebidas.

*Adaptado para eDairyNews, com informações de Sete Lagoas Notícias

Te puede interesar

Notas Relacionadas