Erechim está consolidando sua posição como uma das principais regiões produtoras de leite no norte do Rio Grande do Sul.
Segundo o secretário municipal da Agricultura, William Racoski, em entrevista concedida à Rádio Cultura, diversos projetos estão em andamento para fortalecer ainda mais a cadeia leiteira local e apoiar tanto os produtores já estabelecidos quanto aqueles que desejam ingressar na atividade.
De acordo com Racoski, o município já conta com grandes produtores em expansão, o que confirma o dinamismo do setor. “Temos grandes produtores no interior e muitos estão ampliando a sua produção. Só um agricultor que hoje tem 200 vacas está ampliando para 500”, destacou o secretário, ressaltando que o movimento de crescimento não é isolado.
Atualmente, Erechim reúne 170 produtores dedicados à atividade leiteira, com índices expressivos de produtividade. A média local gira em torno de 40 a 50 litros de leite por vaca ao dia, desempenho que coloca a região em destaque dentro do cenário estadual.
Projetos para impulsionar a cadeia produtiva
O secretário informou que novos programas estão em fase de preparação, visando garantir renda e segurança aos agricultores.
“Estamos preparando novos projetos para o setor, para os agricultores que queiram ampliar a sua produção e para aqueles que queiram iniciar atividade, para que tenham uma renda mínima custeada pela prefeitura até que a sua atividade se torne viável economicamente”, explicou.
A estratégia busca não apenas estimular a permanência no campo, mas também atrair novos produtores para a cadeia leiteira. Segundo a Secretaria da Agricultura, a expectativa é de que um produtor com 400 vacas, cada uma produzindo 40 litros diários, consiga gerar mais de 16 mil litros de leite por dia.
O gargalo da industrialização
Apesar do crescimento acelerado da produção, a região enfrenta um entrave estratégico: a falta de indústrias locais para processar o leite. Boa parte da matéria-prima é transportada para outras cidades do Rio Grande do Sul ou mesmo para o estado vizinho de Santa Catarina.
Essa realidade motivou a expressão usada por lideranças locais de que Erechim ainda está “colocando a vaca encima do caminhão”. Em outras palavras, o município perde valor agregado ao enviar seu leite cru para ser processado em outros polos industriais.
Para os especialistas, este é o principal desafio a ser enfrentado nos próximos anos: garantir que o crescimento da produção seja acompanhado por investimentos em industrialização e agregação de valor.
Sem esse passo, o município corre o risco de se consolidar apenas como fornecedor de matéria-prima, deixando de aproveitar o potencial econômico pleno da cadeia.
Perspectivas para o setor
A consolidação de Erechim como a maior bacia leiteira do norte gaúcho dependerá de dois movimentos: a continuidade do crescimento produtivo e a instalação de novas indústrias capazes de absorver esse volume. Nesse sentido, parcerias entre o poder público e o setor privado são consideradas fundamentais.
Para os produtores, a expansão atual representa tanto uma oportunidade como um risco. De um lado, a escala produtiva pode reduzir custos médios e aumentar competitividade; de outro, a falta de indústrias próximas pode encarecer a logística e reduzir margens de lucro.
Outro ponto levantado por analistas é a necessidade de políticas públicas consistentes que garantam não apenas apoio inicial aos novos agricultores, mas também condições de longo prazo para a sustentabilidade econômica da atividade.
Isso inclui desde infraestrutura rural até programas de assistência técnica e acesso ao crédito.
Conclusão
Erechim dá passos largos para se tornar referência no setor leiteiro do Rio Grande do Sul, com produtores ampliando rebanhos e projetos municipais em andamento. No entanto, o desafio da industrialização local segue como o maior gargalo.
O futuro da região dependerá de sua capacidade de transformar volume em valor agregado, garantindo que o crescimento produtivo se reverta em desenvolvimento econômico para toda a cadeia.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de Jornal Boa Vista e Rádio Cultura 105.9 Fm