O custo de insumos para a produção de leite no Rio Grande do Sul registrou alta de 0,95% em agosto em comparação a julho, de acordo com o Índice de Insumos para Produção de Leite Cru (ILC), divulgado nesta terça-feira (30) pela Assessoria Econômica da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).
Segundo a entidade, o principal fator para o avanço foi a elevação nos preços dos fertilizantes, que subiram 2,19% no mês.
Esse movimento reflete diretamente um aumento de 7% nas cotações internacionais da ureia, insumo fundamental para a produção agrícola e pecuária. O item concentrado também apresentou variação positiva, com alta de 1,5%, enquanto a silagem se manteve praticamente estável, registrando uma ligeira queda de 0,02%.
No sentido oposto, os combustíveis recuaram 1,5%, contribuindo para atenuar parte da pressão sobre os custos, mas a energia elétrica seguiu trajetória de aumento, com reajuste médio de 1,65% em agosto.
Desempenho acumulado em 2025
Apesar da alta no mês, o indicador da Farsul mostra que, no acumulado de 2025, o ILC registra deflação de 2,67%. Esse movimento está alinhado ao Índice de Preços ao Produtor Amplo – Disponibilidade Interna (IPA-DI) da Fundação Getulio Vargas (FGV), que também indica arrefecimento dos custos de produção.
A entidade ressalta, contudo, que no acumulado de 12 meses até agosto, o custo de insumos para o leite ainda mostra uma inflação de 9,4%.
Entre os principais componentes da cesta de insumos, destacam-se as seguintes variações no período:
- Fertilizantes: +14,9%
- Silagem: +9,5%
- Concentrado: +7,2%
- Sal mineral: +15,7%
- Energia elétrica: +10%
Perspectivas para os produtores
O relatório da Farsul aponta que, mesmo com pressões em itens específicos, há sinais de desaceleração inflacionária. Segundo a entidade, isso é resultado dos efeitos defasados da política monetária contracionista conduzida pelo Banco Central.
De acordo com a avaliação, se essa tendência se mantiver, o índice poderá apresentar leituras de deflação em 12 meses já a partir do último trimestre de 2025. Esse cenário abriria espaço para a recomposição das margens dos produtores de leite, que vêm sendo pressionados por aumentos consecutivos nos custos nos últimos anos.
Expectativas para setembro
A Farsul também divulgou projeções para os próximos meses. Para setembro, a expectativa é de queda nos preços de milho e soja, dois insumos-chave para a alimentação do rebanho leiteiro.
Além disso, pode haver recuo nos combustíveis, influenciado pela desvalorização do dólar e pela queda do preço do petróleo no mercado internacional.
Por outro lado, o mercado de ureia segue apontando fundamentos altistas, o que pode manter a pressão sobre os fertilizantes, dificultando um alívio mais amplo nos custos da produção.
Relevância para o setor
Os custos de insumos são um dos fatores mais críticos para a rentabilidade do produtor de leite, especialmente em um cenário de preços pagos ao produtor em queda nos últimos meses no Brasil, conforme dados de diferentes instituições de pesquisa do setor.
No caso do Rio Grande do Sul, estado que figura entre os maiores produtores de leite do país, oscilações de custos têm impacto direto na competitividade da cadeia produtiva e na manutenção da atividade no campo.
O acompanhamento do ILC da Farsul torna-se, assim, uma referência essencial para os produtores, indústrias e analistas de mercado que monitoram as condições econômicas do setor.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de ISTOÉ DINHEIRO