A Bega Cheese divulgou seus resultados do exercício fiscal de 2025 (FY25) em agosto, cumprindo as expectativas de consenso do mercado, apesar de um cenário desafiador para o setor lácteo.
De acordo com análise publicada pelo portal Small Caps, a companhia australiana busca agora acelerar seu crescimento, com projeções positivas até 2028.
A receita anual ficou praticamente estável em AU$ 3,54 bilhões, mas custos de reestruturação pontuais levaram a um prejuízo líquido de AU$ 8,5 milhões.
Ainda assim, o desempenho subjacente mostrou sinais de força: o lucro operacional ajustado avançou 23%, para AU$ 202 milhões, impulsionado por cortes de custos e pela recuperação da divisão de ingredientes a granel (Bulk).
Marcas no centro da estratégia
O segmento Branded, que inclui queijos, leites, iogurtes, cafés prontos, sucos e pastas icônicas como Vegemite e Peanut Butter, continua sendo o pilar de receita da companhia.
A divisão enfrentou volumes estáveis em FY25, mas conseguiu sustentar margens ao reforçar a relevância de produtos essenciais, mesmo diante da pressão do custo de vida dos consumidores.
Segundo análise do UBS, a dificuldade em implementar aumentos de preços limitou a expansão, com ganho de apenas 1% sobre as vendas — um ritmo abaixo do padrão histórico da companhia, que costumava crescer entre 2% e 3% ao ano somando preço e volume.
Entre os marcos da última década, destacam-se a compra da Vegemite em 2017 e a aquisição da Lion Dairy & Drinks em 2021, que trouxe marcas como Dairy Farmers, Pura e Dare Iced Coffee para o portfólio. Esse conjunto fortaleceu a Bega como uma das maiores processadoras de lácteos da Austrália.
Ingredientes a granel voltam a lucrar
O segmento Bulk, mais exposto às oscilações do mercado global de commodities lácteas, registrou lucro de AU$ 39 milhões em FY25, revertendo prejuízos de 2024. O movimento foi resultado da readequação entre preços internacionais de lácteos e o valor pago ao produtor no mercado australiano, conforme explicou o Macquarie.
Esse alívio chega após dois anos em que os altos preços do leite ao produtor comprimiram margens, um desafio que atingiu todo o setor, incluindo concorrentes como Fonterra e Saputo.
Foodservice e Ásia em expansão
O Foodservice despontou como um dos principais motores de crescimento em FY25. As vendas para restaurantes, cafeterias, hotéis, escolas e hospitais cresceram em ritmo de um dígito alto, beneficiadas por investimentos prévios em equipes de vendas e tecnologia.
Segundo o Macquarie, a Bega agora ocupa posição entre a quinta e a sexta no mercado de Foodservice em várias categorias-chave, um espaço estratégico em um setor que movimenta mais de AU$ 60 bilhões na Austrália, com mais de 20% ligados a lácteos.
Além disso, a companhia avança em mercados asiáticos, reforçando a distribuição de queijos, iogurtes e leite em pó. A Ásia é considerada um pilar fundamental para diversificar receitas e ampliar margens.
Perspectivas até 2028
O plano estratégico da Bega projeta ultrapassar AU$ 250 milhões em EBITDA até FY28, com retorno sobre capital acima de 10%. Após os resultados de FY25, a administração afirmou estar “no caminho para superar a meta”, sinalizando otimismo ao mercado.
Para FY26, a expectativa é de ganhos normalizados entre AU$ 215 e AU$ 220 milhões, crescimento de cerca de 8% sobre FY25. O segmento Branded continuará sendo o principal vetor, enquanto Bulk tende a manter estabilidade.
A corretora Bell Potter avalia que a empresa pode entregar crescimento de 20% ao ano no lucro por ação (EPS) até 2028, especialmente se conseguir participar ativamente do processo de consolidação do setor lácteo.
O ambiente competitivo, no entanto, permanece acirrado. A recente venda da divisão de consumo da Fonterra para a francesa Lactalis, anunciada em 2025, remodela o tabuleiro de marcas na Oceania e pressiona empresas locais como a Bega a reforçarem sua diferenciação.
Estrutura financeira e dividendos
A Bega encerrou FY25 com dívida líquida de AU$ 126,1 milhões, redução relevante frente ao ano anterior, levando seu índice de alavancagem para 0,8x. Esse avanço abre espaço para novas aquisições estratégicas, de acordo com a análise da Ord Minnett.
O consenso de mercado indica expectativa de dividendos de 14,2 centavos em FY26 e 17,4 centavos em FY27, representando yields de 2,6% e 3,2%, respectivamente, ao preço atual da ação.
Conclusão
Com um portfólio de marcas fortes, presença consolidada no varejo e avanços em Foodservice e Ásia, a Bega Cheese se posiciona para acelerar seu crescimento nos próximos anos.
Ainda que enfrente concorrência intensa e desafios de consumo, a empresa aposta em eficiência, inovação e expansão internacional como eixos para superar suas próprias metas até 2028.
*Adaptado para eDairyNews, com informações de FNArena.com