ESPMEXENGBRAIND
9 out 2025
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Com alta oferta e estoques crescentes, o preço do leite e derivados recua em todo o Brasil, segundo o boletim de setembro do Cileite/Embrapa.
Oferta maior derruba preços do leite e derivados no Brasil.
Oferta maior derruba preços do leite e derivados no Brasil.

O preço do leite caiu em todo o Brasil em setembro de 2025, acompanhando um movimento de oferta elevada e demanda enfraquecida. Segundo o Boletim de Preços do Centro de Inteligência do Leite (Cileite/Embrapa Gado de Leite), a combinação de maior produção e menor ritmo de consumo pressionou as cotações no campo e no atacado.

Produtores enfrentam novas quedas

De acordo com os Conseleites estaduais, o leite entregue em setembro, que será pago em outubro, apresentou queda em todos os estados acompanhados.
Minas Gerais registrou o recuo mais moderado, enquanto Santa Catarina e Rio Grande do Sul tiveram retrações de 3,0%. No Paraná, a variação projetada também foi negativa, refletindo o mesmo padrão de excesso de oferta observado nas demais regiões.

A maior produção, típica do período de safra nas principais bacias leiteiras do Sul e Sudeste, aumentou os estoques de indústrias e cooperativas, pressionando os valores pagos ao produtor.

O relatório do Cileite destaca que, em relação a setembro de 2024, as cotações praticamente não apresentaram ganho real, evidenciando um ano de estabilidade baixa para o setor.

Leite e derivados também recuam no atacado

Os preços dos derivados lácteos acompanharam a tendência de baixa. Em São Paulo, o leite UHT recuou em média 3,2% sobre agosto, enquanto o leite em pó caiu 4,8%. A muçarela, um dos principais produtos industrializados, apresentou retração de 2,6% no mesmo comparativo mensal.

Na comparação com setembro do ano anterior, as variações foram discretas: o leite UHT registrou alta de apenas 1,2%, e a muçarela, de 9,2%, muito abaixo das elevações observadas no início do ano.

O mercado Spot de Minas Gerais, que reflete negociações diretas entre produtores e laticínios, segue com viés de baixa, acumulando uma queda de 22% desde março de 2025. Essa tendência mostra que o equilíbrio entre oferta e demanda ainda está distante de ser alcançado.

Cenário internacional também contribui

No mercado internacional, o boletim do Cileite aponta que os principais exportadores — como União Europeia, Nova Zelândia e Estados Unidos — mantiveram elevada produção, o que ampliou a disponibilidade global e reduziu as cotações de referência.

Esse contexto externo, somado ao real valorizado, reforçou a pressão sobre os preços internos dos lácteos, já que as importações se tornaram mais competitivas.

Custos de produção: soja em queda, milho e boi estáveis

O levantamento mostra que os principais insumos utilizados na alimentação do gado leiteiro tiveram comportamento misto em setembro.
O farelo de soja, essencial na dieta animal, manteve tendência de baixa, reflexo da safra recorde brasileira, da valorização do câmbio e das negociações comerciais entre Estados Unidos e China.
Já o milho apresentou estabilidade de preços, sustentado por uma boa demanda doméstica e pela preocupação com o ritmo das exportações, que pode ser afetado pelos altos estoques.

O boi gordo também se manteve estável, sustentado por fortes níveis de exportação, apesar da oferta elevada de animais para abate. Essa estabilidade contribuiu para que os custos de insumos não registrassem alta significativa no mês.

Economia: câmbio e PIB estáveis

Segundo o boletim do Cileite, o câmbio apresentou apreciação ao longo de setembro, enquanto as projeções do PIB brasileiro permaneceram em torno de 2,1%, de acordo com o relatório Focus do Banco Central.
Essa combinação de moeda valorizada e crescimento econômico moderado ajudou a conter as pressões inflacionárias no setor de alimentos, mas também reduziu a competitividade das exportações de lácteos.

Perspectivas para o próximo trimestre

Para o último trimestre de 2025, os analistas da Embrapa esperam que o mercado mantenha comportamento de preços estável a levemente negativo, caso as condições climáticas favoreçam a continuidade da alta produção.
A demanda interna, ainda enfraquecida pelo baixo poder de compra das famílias, deve seguir limitando o espaço para reajustes.

Com isso, o setor lácteo brasileiro entra no fim do ano com margens estreitas e elevada concorrência, exigindo gestão eficiente e diversificação de produtos para garantir rentabilidade.

*Escrito para o eDairyNews, com informações de CILEITE 

 

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